Estudo avalia perda auditiva em cinco categorias profissionais

Texto: Edimilson Montalti

No livro Um sopro de vida, Clarice Lispector escreveu: “Eu sei criar silêncio. É assim: ligo o rádio bem alto – então de súbito desligo. E assim capto o silêncio.” Na rotina da vida, criar silêncio é um luxo. Os ambientes, hoje em dia, são cheios de ruídos. Ele está presente no cotidiano, em eventos sociais, no trânsito, ao redor de aeroportos, nas estações de trem, no metrô, dentro de casa e no trabalho.

O ruído é definido como um som desarmônico, com vibrações irregulares que causam perturbação. Por muito tempo negligenciado, o ruído passou a ser objeto de pesquisa e uma preocupação mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10% da população está exposta a níveis elevados de ruído que podem acarretar perda auditiva.

De acordo com o médico otorrinolaringologista Alexandre Scalli Mathias Duarte, o ruído se torna mais problemático quando está no ambiente de trabalho, pela sua intensidade, tempo de exposição e outros fatores de risco associados. “O ruído é considerado o agente físico mais frequente no ambiente de trabalho. A exposição ao ruído, ocupacional ou não, pode acarretar surdez, zumbido, dificuldade de compreensão da fala, hipersensibilidade ao som, irritação, distúrbios do sono e até doenças cardiovasculares”, explica Alexandre.

Para fundamentar dissertação de mestrado desenvolvida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Alexandre analisou 18.973 exames audiométricos realizados pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), de 2000 a 2010, de oito empresas do Estado de São Paulo. Todas as empresas utilizavam Programas de Conservação Auditiva (PCA), com uso regular de Equipamento de Proteção Individual (EPI) auricular.

Para a pesquisa foram selecionados trabalhadores apenas do sexo masculino e foi utilizado apenas o exame mais recente de cada trabalhador. Os profissionais com funções administrativas ou que trabalhavam em locais sem exposição ao ruído foram excluídos do estudo, totalizando 2.140 audiometrias.

O estudo contemplou exames audiométricos de 1.254 trabalhadores do setor metalúrgico, 266 trabalhadores do setor calçadista, 236 de transportadores de carga, 234 trabalhadores em cerâmicas e 150 da indústria cervejeira, todos expostos ao ruído ocupacional. Alexandre avaliou o grau de perda auditiva por categoria, idade e por tempo de exposição.

A pesquisa foi orientada pelo otorrinolaringologista e professor do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da FCM, Reinaldo Jordão Gusmão, e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Unicamp. Os sons podem ser de diversas frequências, que são medidas em Hertz. Quanto mais grave, mais baixa frequência, e quanto mais agudo, mais alta frequência. “Os nossos ouvidos não têm capacidade de perceber sons com frequências muito baixas como os infrassons (abaixo de 20 Hertz), ou frequências muito altas, como os ultrassons (acima de 20 mil Hertz). Por isso, dizemos que a faixa de frequências de sons audíveis para o homem está entre 20 e 20 mil Hertz”, explica Alexandre.

Na pesquisa, Alexandre estudou as médias de três frequências audiométricas específicas: de 3, 4 e 6 mil Hertz . Essas são, geralmente, as frequências atingidas pela exposição crônica ao ruído. A utilização dessas médias, para avaliar a perda da audição induzida por ruído (PAIR), foi desenvolvida pelo médico Everardo Andrade da Costa, fundador do Ambulatório de Otorrinolaringologia Ocupacional do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.

Contratado pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) desde 1980 e atuando atualmente como professor colaborador do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da FCM, Everardo possui um imenso banco de dados audiométricos. Ele é pioneiro e referência no Brasil na área da otorrinolaringologia ocupacional.

“No gráfico audiométrico o volume é em decibel (dB), uma medida logarítmica, sendo um dB a menor mudança de volume perceptível. A partir do momento que você tem uma tabela com os cálculos das médias aritméticas das três frequências estudadas, fica mais fácil visualizar a piora progressiva da audição”, explica Alexandre.

Os trabalhadores selecionados foram classificados em quatro grupos de exposição ao ruído: o primeiro grupo com até 60 meses de exposição; o segundo grupo de 61 meses a até 120 meses; o terceiro grupo de 121 meses a 180 meses; e o quarto grupo com exposição maior que 180 meses. A média de idade foi de 33 anos. De acordo com a pesquisa, houve piora auditiva significativa relacionada com a idade e com o tempo de exposição ao ruído nos quatro grupos em todas as categorias profissionais analisadas.

“A perda da auditiva induzida pelo ruído geralmente se inicia a partir de cinco anos de exposição e se estende até 15 anos. Após esse período, esses rebaixamentos auditivos tendem a se estabilizar. A idade, entre outras possíveis causas, pode causar a perda auditiva”, explica.

Das cinco categorias profissionais analisadas na pesquisa, foram os transportadores de cargas que tiveram maior perda auditiva, quando comparados os dados com os trabalhadores das demais categorias. “A pesquisa apontou piora de 17 decibéis na audição de quem trabalha com transporte de cargas. Todos os trabalhadores usavam, no local de trabalho, equipamento de proteção auricular individual. Já o trabalho de transporte de carga, muitas vezes, é externo. Acreditamos que, ao sair com o veículo, o trabalhador pode tirar o protetor auricular”, revela.

De acordo com Alexandre, pensando que a falha é na proteção individual, a própria tecnologia está trazendo mecanismos de proteção que não dependem do indivíduo. Nos veículos mais modernos de hoje em dia, sejam caminhões, tratores, colheitadeiras, explica, o barulho não influencia tanto, pois as cabines são cada vez mais isoladas acusticamente. “Essa piora mais significativa que aparece hoje nos transportadores de carga, daqui a médio prazo deve se igualar às demais categorias”, acredita.

Para Alexandre, a perda auditiva pode interferir na qualidade de vida, produzindo limitação de atividades e restrição de socialização pela dificuldade de percepção da fala em ambientes ruidosos e em momentos de lazer, como num jantar de família ou a saída para ir a um barzinho, cinema, shows e teatro. “A grande dificuldade que esses trabalhadores apresentam é que eles até escutam, mas não compreendem o que está sendo dito. Aquele momento social, que deveria ser agradável, causa desconforto e irritação. Isso pode levar a consequências psicossociais como estresse e ansiedade, comprometendo as relações do indivíduo na família, no trabalho, na sociedade e diversos outros problemas de saúde”, alerta o médico otorrinolaringologista.

“Ficamos comovidos com o deficiente visual, mas há uma certa impaciência em relação ao surdo. Ao perder a audição, a pessoa acaba se retraindo, se isolando”, comenta o otorrinolaringologista Reinaldo Jordão Gusmão. A legislação orienta a realização de audiometria na contratação, depois de seis meses e anualmente para trabalhadores expostos ao ruído. No caso de trabalhadores com diagnóstico de perda auditiva, normalmente a audiometria é feita a cada seis meses ou a critério do médico.

Segundo Reinaldo, para fechar um diagnóstico de que um trabalhador tem perda auditiva induzida pelo ruído, ele precisa da audiometria, do exame otorrinolaringológico e do nexo causal atestado pelo médico do trabalho da empresa para confirmar que “a exposição àquele ruído, com o passar dos anos, levou à lesão auditiva”.

“As médias aritméticas das frequências audiométricas 3, 4 e 6 kHz permitem ao médico visualizar o rebaixamento auditivo e agir precocemente no cuidado do paciente e na avaliação de trabalhadores expostos ao ruído. As medidas de proteção ao ruído, somadas à proteção individual e aos programas de conservação auditiva das empresas, são medidas que podem ajudar a reduzir o número de exames audiométricos, o afastamento do trabalhador e até ações trabalhistas”, reforça Alexandre.

Armas químicas: uma ameaça real

Cursos pela internet

Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade de Acordo com a NR 10 – Básico – Disponível pela Internet

A nova norma apresenta mudanças significativas em relação aos requisitos da versão anterior.

Segurança na Operação e Manutenção de Subestações e Cabines Primárias – Disponível pela Internet

Os grandes blocos de energia, tanto para o segmento comercial quanto para o segmento industrial, são supridos por média tensão. Essa condição gera a necessidade de equipamentos, matérias, pessoal de operação e manutenção de perfil direcionado.

Camilla Gomes Colasso

chemical weapons

Este assunto pode parecer distante da nossa realidade no dia a dia, mas o uso de armas químicas talvez seja tão antigo quanto a história das guerras na humanidade e é relatado há mais de dois milênios. Em 600 a.C., data do primeiro registro do uso destas substâncias, os atenienses envenenaram as águas de um rio com raiz de Heléboro com o objetivo de intoxicar seus inimigos.

Já durante a Primeira Guerra Mundial ocorreu o pico de uso destes agentes, quando o exército alemão aplicou gás cloro em ataques contra seus rivais. Por suas propriedades tóxicas, desde então, agentes químicos são constantemente empregados com propósitos bélicos e morticínio em guerras e atos terroristas no mundo inteiro.

Em 6 de janeiro deste ano, o chefe do desarmamento da Organização das Nações Unidas (ONU), Kim Won-soo, afirmou ao Conselho de Segurança que o fiscalizador de armas químicas da organização relatou a possibilidade de o gás letal sarin ter sido usado em um suposto ataque químico na Síria. No ano passado também tivemos alguns acontecimentos registrados pela imprensa. Em 14 de agosto, curdos no norte do Iraque foram atacados com foguetes cheios de agentes químicos, os quais, segundo as informações que ainda estão sendo apuradas, foram bombas de gás cloro lançadas pelo Estado Islâmico (EI).

No dia 12 de março do mesmo ano também foram publicadas notícias sobre um possível uso de gás cloro contra a população curda. Estes prováveis ataques com armas químicas têm sido cada vez mais frequentes e preocupantes e o governo norte-americano está praticamente convicto que o grupo EI está produzindo e utilizando armas químicas, entre elas, gás mostarda e gás cloro.

Como gerente da Intertox e especialista na área de segurança química e toxicologia, acho lastimável o uso consciente de produtos tóxicos contra seres humanos realizados por grupos desprovidos de responsabilidade e senso humanitário. A toxicologia se recusa a viver com este estigma, já que é uma ciência para a predição da toxicidade de produtos químicos para fins de gerenciamento do risco toxicológico e não dever ser confundida como uma alternativa que cause dor e sofrimento.

As armas químicas de guerra são definidas como qualquer substância química cujas propriedades tóxicas são utilizadas com a finalidade de matar, ferir ou incapacitar algum inimigo na guerra ou associado a operações militares. Estes agentes químicos são classificados de acordo com o mecanismo de ação tóxica para os seres humanos, como agentes neurotóxicos, agentes vesicantes e levisita, agentes sanguíneos, agentes sufocantes e toxinas. Alguns destes são tão devastadores quanto outras armas poderosas, já que muitos, além de provocarem lesões imediatas, também estão associados com morbidades e problemas psicológicos a longo prazo.

Pensando nestes graves problemas e com o objetivo de proibir o desenvolvimento, produção, estocagem e emprego destas substâncias, assim como o uso de gases tóxicos e métodos biológicos nas guerras, em 1997 foi assinada a Convenção para a Proibição de Armas Químicas (CPAQ), que criou a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Organisation for the Prohibition of Chemical Weapons – OPCW) e contou com 189 países signatários, inclusive o Brasil. No entanto, atualmente há um intenso esforço de vários países para produzir armas químicas em escala mundial, desrespeitando os protocolos formais de combate às mesmas.

De acordo com a CIA – Agência Central de Inteligência dos EUA, mais de 20 países estão desenvolvendo ou já possuem armas químicas de guerra, entre eles China, Coréia do Norte, Japão, Rússia, França, Inglaterra, Cuba, Estados Unidos, Índia, Irã, Iraque, Paquistão, Síria e Egito. Por não exigirem uma infraestrutura de produção muito sofisticada, os agentes químicos e biológicos letais são meios bélicos acessíveis aos países em desenvolvimento. Tais compostos, como o gás cloro que tem aplicação na indústria, são de fácil obtenção e custo baixo se comparado as armas convencionais e nuclear.

O cenário é preocupante e indica que o desenvolvimento, produção e o uso de armas químicas é uma realidade. A facilidade de serem empregadas e o grande número de vítimas que causam são alguns dos motivos que fazem grupos terroristas utilizarem este tipo de armamento. A melhor maneira de combater a prática, que é extremamente condenável sob os aspectos filosófico, religioso, político, humano, moral e ético, por sua periculosidade, pelos efeitos generalizados sobre o meio ambiente e pela facilidade de fabricação, é dar a devida atenção ao assunto, lidando com ele como uma ameaça presente a todo o mundo.

Camilla Gomes Colasso é farmacêutica bioquímica e mestre em Toxicologia e Análises Toxicológicas pela USP. Atua como gerente da empresa Intertox e é especialista em armas e guerras químicas, além de ministrar cursos e palestras na área de segurança química e toxicológica.

Questão de saneamento

NBR ISO 50004 de 03/2016 e NBR ISO 50006 de 03/2016: os princípios para um sistema de gestão de energia Publicada em 20/04/2016

Quais são os requisitos gerais de um sistema de gestão da energia? Quais considerações devem…

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Luiz Gonzaga Bertelli

A eclosão da zika surpreendeu o Brasil e uma de suas graves consequências  graves, a microcefalia em bebês, talvez seja a que mais sensibilize a sociedade. Mas há um aspecto que, embora ainda cause indignação, não chega a surpreender: a fragilidade do sistema público de saúde, que se mostra mais precário em casos de surtos inesperados de doenças que se disseminam rapidamente.

Mas aqui cabem algumas perguntas. Será que todos os surtos são mesmo inesperados? Depois do susto com a dengue há poucos anos, ninguém pode alegar que o seu vetor, o Aedes egypti não seja bem conhecido dos brasileiros. Sem tirar o mérito das campanhas de erradicação do mosquito (fumacês, evitar acúmulo de água em pratinhos de vasos, pneus velhos ou garrafas pets; cobrir as caixas d’água, etc.), não seria hora (ainda que tardia) de se pensar em medidas tão ou mais eficazes de prevenção ou, pelo menos, de contenção da proliferação do Aedes?

Essa proposta remete para o persistente descaso com  o saneamento básico, hoje privilégio de apenas 50% dos brasileiros. A outra metade da população está vulnerável a doenças transmissíveis por vetores que proliferam em esgotos a céu aberto, enchentes, poças de água de chuva, etc. Ou, no caso do Aedes, até na água limpa que os moradores estocam para vencer a seca em centenas de municípios, como no Nordeste.

Se o terrível lado humano dessas tragédias não basta para sensibilizar o Poder Público, quem sabe as estimativas dos custos financeiros gerados pelo Aedes estimulem investimentos para valer em saneamento básico. Fiquemos em dois  exemplos, válidos só para 2015. Para tentar controlar a proliferação do Aedes e dos vírus que transmite, só o Ministério da Saúde gastará R$ 2,5 bilhões. E mais: a zika pode causar prejuízos de até R$ 8,6 bilhões com a redução da vinda de estrangeiros para as Olimpíadas.

Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE.

 

Brasileiros cada vez mais utilizam os ciclos de fertilização in vitro

embriões

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou o relatório referente ao ano de 2015 do Sistema Nacional de Produção de Embriões-SisEmbrio. Cento e quarenta e um bancos de Células e Tecidos Germinativos – BCTGs (Laboratórios de Fertilização in vitro) encaminharam sua produção ao SisEmbrio. Este número é o maior desde que o sistema começou a funcionar, em 2008.

clique nas figuras para uma melhor visualização

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Distribuição, em porcentagem, de embriões congelados no ano de 2015 no Brasil

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Número de embriões congelados nos anos de 2012, 2013, 2014 e 2015

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Em 2015 houve um crescimento de 40% no número de embriões congelados em relação ao ano de 2014, subindo de 47.812 para 67.359. Já o número de embriões doados para pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil foi de apenas 48 no ano passado.

De acordo com o relatório, foram realizadas 73.472 transferências de embriões para as pacientes que realizaram técnicas de fertilização in vitro no Brasil. Além disso, foram reportados mais de 35.615 ciclos de fertilização com mais de 327.748 oócitos produzidos.

Além dos dados apresentados, o SisEmbrio realiza avaliação de indicadores de qualidade para os Bancos de Células e Tecidos Germinativos, mais conhecidos como clínicas de Reprodução Humana Assistida. Esses dados fornecem informações importantes sobre a padronização dos processos nos Bancos e refletem a qualidade do laboratório, como ambiente favorável, manipulação correta de materiais e equipamentos, bem como a qualidade da manipulação.

Esses indicadores têm sido utilizados pela Anvisa, em conjunto com as vigilâncias sanitárias de estados e municípios, para direcionar ações  de inspeção sanitária nos Bancos. O relatório permite que a população tenha acesso, a partir do nome fantasia do estabelecimento, a todos os dados divulgados, garantindo a transparência das informações.

Para acessar o relatório completo clique no link http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/2f1fbe804c36039f9fd4ff1cd37d2b72/9%C2%BA+Relat%C3%B3rio+SisEmbrio.pdf?MOD=AJPERES

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Alimentação sem glúten e doença celíaca

Normas comentadas

NBR14039 – COMENTADA de 05/2005Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV – Versão comentada.

Nr. de Páginas: 87

NBR5410 – COMENTADA de 09/2004Instalações elétricas de baixa tensão – Versão comentada.

Nr. de Páginas: 209

NBRISO9001 – COMENTADA de 09/2015Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. Versão comentada.

Nr. de Páginas: 32

NBRISO14001 – COMENTADA de 10/2015Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso – Versão comentada….

Nr. de Páginas: 41

A doença celíaca tem sido diagnosticada nas mulheres na proporção de duas para cada homem. Embora os sintomas intestinais ainda sejam os principais alertas para o diagnóstico da doença no Brasil, muitos outros sintomas não clássicos podem se manifestar e tornam a descoberta da doença complexa. Por isso, é importante estar atenta a alguns alertas enviados pelo corpo feminino, como distúrbios no ciclo menstrual, osteoporose e até mesmo infertilidade.

Além de mais propensas a desenvolver a doença, as mulheres também costumam procurar um diagnóstico para seus problemas de saúde antes do que os homens. Um motivo a mais para o número de diagnósticos ser maior no público feminino.

O mesmo acontece com a síndrome do intestino irritável. A incidência em mulheres é de 1,5 até 3 vezes maior do que nos homens. Internacionalmente, estima-se que 14% das mulheres e 8,9% dos homens apresentem a síndrome do intestino irritável.

De acordo com estudos, 70% das mulheres relatam “inchaço da barriga” como um dos primeiros sintomas e 40% abordam diarreia entre os sintomas primários. Outros alertas comuns da doença celíaca são: desconforto gástrico, intolerância secundária à lactose, estearreia (excesso de gorduras nas fezes), fadiga e perda de peso. Mas entre as mulheres alguns outros sintomas podem surgir como indicativo da doença. Confira a seguir alguns deles:

– Gravidez: a gestação também pode ser mais preocupante para uma mulher celíaca, principalmente se a doença ainda não estiver diagnosticada. Ela pode desencadear anemia grave, descolamento de placenta e até mesmo um aborto.

– Problemas hormonais: atrasos de menstruação e até menopausa precoce também são sintomas que foram percebidos em mulheres recém-diagnosticadas celíacas. Muito provavelmente, esses sintomas são consequência da má absorção de nutrientes pelo intestino, um dos principais problemas causados pela doença. Esta deficiência na absorção de nutrientes acontece porque a ingestão de glúten gera lesões no intestino de quem é celíaco, diminuindo parte do funcionamento do órgão.

– Osteoporose e anemia: em um estudo recente, 40% das mulheres relataram anemia antes de serem diagnosticadas com a doença celíaca. Assim como no exemplo acima, esta ocorrência pode estar ligada à má absorção de nutrientes pelo intestino. A doença celíaca não diagnosticada também aumenta significativamente o risco de osteoporose, outra doença que ocorre em mulheres com muito mais frequência do que nos homens.

Por isso, é importante não negligenciar nenhum sintoma e sempre procurar orientação médica. O acompanhamento médico e nutricional é fundamental para adaptar a dieta a cada caso e garantir uma alimentação saudável e completa.

Garrafas térmicas

O Inmetro analisou em laboratório amostras de modelos de nove marcas de garrafas térmicas de uso doméstico, com o objetivo de avaliar o desempenho e a segurança do produto. Destas, apenas uma foi considerada não conforme, pois possuía uma capacidade volumétrica abaixo do informado na embalagem, além de ter sido reprovada na avaliação de eficiência térmica.

“Os resultados revelaram uma tendência de conformidade do produto disponível no mercado nacional. Recebemos os relatos dos consumidores por meio da Ouvidoria do Inmetro, a maioria relacionada à dificuldade em conservar a temperatura do líquido por muito tempo; e registros de acidentes no Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (Sinmac), associados a queimaduras em geral”, comenta Isabel Loureiro, responsável pela Análise.

Para a avaliação, realizada no Laboratório de Termometria e no Laboratório de Fluídos, ambos localizados no Campus do Inmetro em Xerém, foram verificados seis requisitos, como o de eficiência térmica, para verificar a capacidade de conservar a temperatura do líquido, e o de impacto, para avaliar a capacidade de não haver quebra no caso de queda. Os resultados obtidos nessa análise revelaram uma tendência de conformidade em relação aos requisitos técnicos vigentes na norma NBR 13282:1998, pois apenas uma das marcas analisadas não atendeu a dois requisitos técnicos previstos pela norma brasileira aplicável ao produto.

A partir dos resultados encontrados, o Inmetro considera que a norma técnica utilizada como base para a realização dos ensaios deva ser revisada, não só pelo fato dela ter sido publicada em 1998, ou seja, há 18 anos, sendo que as boas práticas internacionais de normalização recomendam que as normas sejam analisadas sobre a ótica da necessidade de revisão a cada cinco anos, mas principalmente pelo fato dela restringir o desenvolvimento tecnológico do produto, a partir da definição de requisitos dimensionais e do tipo de material a ser utilizado. Diante disso o Inmetro solicitou à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o fórum nacional de normalização, a revisão da norma NBR 13282:1998 para contemplar os modelos de garrafas térmicas com revestimento metálico.

Para acessar o relatório completo, clique no link http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/garrafas-termicas-uso-domestico.pdf

Analgésicos x gravidez: risco de malformação congênita

Tacógrafos para oferecer segurança devem cumprir a norma técnica e ser calibrados Publicada em 02/03/2016

Os tacógrafos ou cronotacógrafos são obrigatórios nos veículos de condução…

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Mariana Scarfoni Peixoto

As malformações congênitas estão entre os problemas médicos de prevenção e cura mais difíceis. Trata-se de uma complicação que ocorre durante o desenvolvimento do bebê no útero, gerando anomalias funcionais ou estruturais no recém-nascido. São decorrentes de uma série de causas, que variam desde herança genética e doenças preexistentes ou contraídas pela mãe nos primeiros meses de gravidez, até a exposição a substâncias químicas.

Entre elas está o consumo de analgésicos opioides, como codeína, oxicodona e hidrocodona que, segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, pode aumentar em duas vezes o risco de algumas raras malformações congênitas. Inclusive, em 2011, a instituição emitiu um alerta sobre os riscos causados pelo consumo de opioides antes ou no início da gestação.

Os opioides são substâncias naturais que podem ser encontradas em plantas ou produzidas pelo organismo humano. Estes últimos, denominados “opioides endógenos”, são produzidos e distribuídos por todo o Sistema Nervoso Central (SNC) a fim de modular a dor e controlar o sistema cardiovascular. Contudo, os opioides sintéticos e semissintéticos é que são os destaques clínicos devido especialmente ao seu alto potencial analgésico. São indicados, normalmente, para pacientes pós-cirúrgicos e, em casos extremos, para gestantes com crise de pedras nos rins, por exemplo.

No Brasil, os analgésicos opioides são medicamentos amplamente consumidos, comercializados somente sob prescrição médica, controlados pela Portaria n° 344, de 12 de maio de 1998 da ANVISA, além de possuir indicação bastante restrita para gestantes, sendo prescritos apenas em casos de extrema urgência, como citado anteriormente, o que reduz a probabilidade da malformação congênita.

Entretanto, a maior preocupação apontada pelos médicos para as gestantes é o consumo de anti-inflamatórios indiscriminadamente, uma vez que estes são vendidos sem prescrição médica. Os anti-inflamatórios usados de forma incorreta durante a gestação podem aumentar o risco de malformação cardíaca fetal em qualquer estágio da gravidez, ao contrário dos opioides, que apresentam probabilidade de malformação apenas no início da gravidez, durante a formação dos órgãos e tecidos do feto.

A automedicação contribui para milhares de mortes por ano, de acordo com dado de 2006 da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), o qual aponta cerca de 20 mil mortes por ano causadas pela automedicação. Já em 2012, o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) relatou cerca de 86 mil casos registrados de intoxicação causados pelo uso indiscriminado de medicamentos.

Dose, período de gestação, tempo de uso e interação com outras substâncias são alguns dos fatores que podem desencadear danos à saúde do bebê. As malformações atingem, todo ano, mais de dez mil crianças, sendo que a maioria delas morrem no primeiro ano de vida e as demais são submetidas a cirurgias ou tratamentos vitalícios. Por isso, o alerta para as gestantes, que devem redobrar a atenção durante este período.

Mariana Scarfoni Peixoto é farmacêutica e especialista em assuntos regulatórios. Atua como analista de assuntos regulatórios na empresa Intertox.

 

A utilização das normas técnicas brasileiras (NBR) no ensino em análises clínicas

Quando os produtos e serviços atendem às expectativas, há a tendência de se tomar isso como certo e a não ter consciência do papel das normas. Contudo, a sociedade se preocupa quando os produtos e serviços se mostram de má qualidade, não se encaixam, são incompatíveis com equipamentos que já temos, não são confiáveis ou são perigosos. Quando os produtos, sistemas, máquinas e dispositivos trabalham bem e com segurança, quase sempre é porque eles atendem às normas. No caso do setor da saúde, as normas desenvolvidas permitem, quando obedecidas, prestar um serviço melhor e oferece uma oportunidade de se aprender com elas e passar esse conhecimento adiante.

thelmaThelma Regina Silva Stracieri de Paiva

Pode-se começar esse texto com uma pergunta: quais os benefícios da utilização das normas técnicas brasileiras, mais conhecidas como normas ABNT ou NBR, como base para a preparação das diretrizes e do material instrucional a serem utilizados para docência no ensino em saúde e como ferramenta para elaboração de atividades práticas e teóricas do docente no ensino em saúde. O presente trabalho de pesquisa focará na docência para o ensino em assuntos relacionados às análises clínicas, mas seus métodos e resultados poderão ser utilizados para qualquer curso e suas respectivas disciplinas.

Pretende-se com esse estudo esclarecer que ao se fazer o uso das normas técnicas brasileiras na formação dos alunos de cursos técnicos, profissionalizantes ou de nível superior estamos qualificando os mesmos a atuar, enquanto profissionais, em quaisquer instituições que trabalhem em conformidade com procedimentos normativos. Para tanto é de extrema importância que tanto discentes quanto docentes dominem e conheçam as normas técnicas específicas para cada atividade em particular.

Como coleta de dados, irei trabalhar com alunos de duas turmas do curso Técnico em Análises Clínicas da Escola Técnica do Instituto de Ensino e Pesquisa, Hospital Israelita Albert Einstein. Acreditando na necessidade da obrigatoriedade do uso da normalização em todas as áreas de atuação profissional, é de relevante importância que o conhecimento dos requisitos das normas técnicas pertinentes, assim como suas atualizações, adaptação a mudanças, e, também, dos motivos que as fazem essenciais para a garantia da qualidade dos serviços de saúde prestados e para a salvaguarda dos direitos fundamentais dos cidadãos.

Este trabalho apresentará vários requisitos constantes nas normas técnicas brasileiras relativas a atividades de análises clínicas, mostrando, na prática, que as referidas normas técnicas brasileiras já definem e apresentam vários métodos e procedimentos para essa atividade, os quais, foram elaborados por um colegiado especialista no assunto e votados e aprovados para terem valor normativo. Espera-se demonstrar que o aluno conhecendo as normas brasileiras terá tranquilidade para executar suas atividades profissionais, pois utilizará fonte oficial de informação técnica para questões práticas no seu dia a dia de trabalho.

Além disso, pretende-se mostrar para os docentes no ensino em saúde, que existem uma quantidade enorme de normas técnicas brasileiras que definem questões que são ensinadas, e que se as mesmas forem utilizadas como material instrucional das disciplinas os alunos terão seus conhecimentos padronizados e certos de que atenderam a legislação e as melhores práticas consolidadas para suas atividades.

A área de análises clínicas trabalha com o estudo de material biológic de forma a coletar dados e apontar diagnósticos a respeito da saúde do paciente. Essas análises ocorrem a partir de um exame feito a pedido de um médico e são entregues em laboratórios próprios para realização desses exames.

As análises podem ser realizadas por vários profissionais diferentes como: farmacêuticos-bioquímicos, biólogos, médicos ou biomédicos, técnicos em análises clínicas, sendo que esses devem ter previamente o conhecimento necessário na área de análises clínicas e das regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Normalmente, o processo é feito a partir de um exame pedido pelo médico. Essa análise determina dados ou características que possam complementar o diagnóstico de alguma anomalia ou problema de saúde. O exame pode incluir, por exemplo, a coleta de materiais como urina, sangue, fezes ou outros, para serem analisadas e servirem para construir dados. Como esse material pode variar de natureza e de utilidade, os profissionais que irão analisá-lo também são variados.

Dessa forma, conhecer os profissionais que atuam na área é fundamental para entender a ciência. Os biólogos são profissionais formados no curso de Biologia capazes de atuar em diversas áreas como zoológicos, universidades, indústrias farmacêuticas, consultoria, etc. O biólogo estuda a fauna, a flora e os seres vivos. Além disso, realiza pesquisas sobre a origem, estrutura, evolução e funcionamento dos seres vivos e a relação destes com o meio ambiente.

O campo de atuação desse profissional é abrangente, podendo trabalhar no estudo de células tronco e também com análises clínicas. Dentro disso, esse profissional pode realizar diversas atividades como diagnósticos biológicos, ambientais e moleculares, diagnósticos específicos das análises clínicas, patológicas e citológicas (fazer exames, interpretar resultados, emitir laudos, participar do aconselhamento genético, etc.).

Não há impedimento para que o biólogo exerça análises clínicas laboratoriais, mas há uma controvérsia por parte dos biomédicos e farmacêuticos-bioquímicos, de que o profissional habilitado em Biologia não poderia realizar tais atividades. De acordo com a lei nº 6.684, no art. 2º, o biólogo poderá realizar análises clínicas se realmente for habilitado para isso, podendo fazê-lo de acordo com a sua formação e experiência. Porém, não cabe ao biólogo responsabilizar-se por laboratórios de análises clínicas.

Os biomédicos são responsáveis por realizar pesquisas sobre as doenças humanas, sua origem e sua forma de tratamento. Ele faz o estudo, a classificação e identifica os diversos microorganismos causadores de doenças, consultando os medicamentos ou vacinas para cada enfermidade.

Além disso, o biomédico realiza exames, assina laudos técnicos, faz a leitura dos resultados de análises clínicas e também análises bromatológicas, para verificar a qualidade dos alimentos, faz análises ambientais, pesquisas relacionadas à genética, biologia molecular, etc. Os biomédicos podem trabalhar em laboratórios, hospitais, órgãos relacionados à saúde, institutos de ensino e pesquisa científica.

Nas análises clínicas, o biomédico é responsável por diagnosticar uma doença, verificar o resultado de um teste de paternidade, o resultado de um exame de laboratório, assinar laudos técnicos, responsabilizar-se e executar o processamento do sangue, suas sorologias e exames pré-transfussionais, assumir assessorias, chefias técnicas e a direção dessas atividades. A maioria dos profissionais dessa área decidem trabalhar em laboratórios de análises clínicas, assim como na pesquisa e docência em qualquer área da saúde.

O farmacêutico-bioquímico está habilitado a realizar pesquisas, análises, gestão, e controle dos processos biológicos que ocorrem nos organismos vivos. Pode trabalhar tanto nas indústrias alimentícias, bebidas, biotecnologia, biocombustíveis e também em faculdades, laboratórios, institutos de pesquisa, etc. Dentro das análises clínicas, esse profissional é responsável por analisar amostras mais restritas como sangue, urina, DNA, sêmen e diversas outras secreções; e emitir laudos.

O farmacêutico é responsável por estudar a composição e os processos de produção de cosméticos, alimentos industrializados e medicamentos. Ele realiza a pesquisa, produz medicamentos, examina e observa os impactos que essas substâncias podem causar no organismo. Além disso, faz o registro, a distribuição, comercialização e verificação de novos medicamentos, conforme as normas sanitárias, além de outras funções.

Então, em análises clínicas, os profissionais biomédicos, médicos, bioquímicos realizam a análise de materiais biológicos como fezes, sangue e urina para diagnosticar doenças, a fim de conhecer quais foram os agentes causadores delas, e orientam o paciente na interpretação dos exames, realizam pesquisas e extensões na área de análises clínicas e toxicológicas, gerenciam e responsabilizam-se por laboratórios de análises clínicas e de pesquisa científica, supervisionam os técnicos em análises clínicas.

O médico veterinário é o profissional responsável por realizar cirurgias e oferecer assistência clínica à animais silvestres e domésticos. Esse profissional é indicado para oferecer informações sobre como cuidar da alimentação, reprodução e saúde dos animais. Outro papel importante é a realização da inspeção na produção de alimentos provenientes de animais.

Os veterinários podem atuar na venda de alimentos, medicamentos, vacinas, etc.; em centros de pesquisa, na indústria de produtos de origem animal, na perícia técnica de animais utilizados em esportes, dentre outros. Para os profissionais que desejam realizar análises laboratoriais, é necessário fazer uma especialização em análises clínicas veterinárias. Assim, ele poderá realizar exames laboratoriais em espécies animais, interpretar resultados, coletar e preservar amostras, realizar o processamento das mesmas e assinar laudos técnicos. Assim, tanto animais de pequeno, como os de grande porte, podem ser submetidos a exames como de ácido úrico, hipersensibilidade, etc.

Quanto às normas técnicas para a gestão do conhecimento em análises clínicas, a nova versão da NBR ISO 9001 de 09/2105 – Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos especifica os requisitos para um sistema de gestão da qualidade quando uma organização: necessita demonstrar sua capacidade para prover consistentemente produtos e serviços que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis, e visa aumentar a satisfação do cliente por meio da aplicação eficaz do sistema, incluindo processos para melhoria do sistema e para a garantia da conformidade com os requisitos do cliente e com os requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis. Todos os requisitos desta norma são genéricos e destinados a ser aplicáveis a todas as organizações, independentemente de seu tipo, tamanho e do produto e serviço que provê.

Na verdade, o escopo da norma não foi alterado, ou seja, continua sendo uma norma que especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade quando uma organização: necessita demonstrar sua capacidade para fornecer consistentemente produtos e serviços que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis; e visa aumentar a satisfação do cliente por meio da aplicação eficaz do sistema, incluindo processos para melhoria do sistema e para a garantia da conformidade com os requisitos do cliente e com os requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis.

Continua aplicável às relações contratuais entre organizações e seus clientes, cuja finalidade é assegurar aos clientes produtos e serviços de qualidade. Não é uma norma que visa apenas assegurar bons sistemas de gestão, a qualidade do produto ou serviço é o fundamental. É uma norma de requisitos mínimos, estabelecidos por meio de consenso entre produtores e consumidores, além de outras partes interessadas relevantes para a conformidade do produto ou serviço intencional. É ainda uma norma genérica, aplicável a organizações de qualquer porte ou setor, e por isso é essencial que seus requisitos sejam complementados com os requisitos específicos relacionados aos produtos e serviços que a organização entrega.

Seus requisitos mínimos não impedem que uma organização supere esses requisitos para melhor atender seus clientes. Nesse sentido é uma norma de proteção ao cliente fundamentada na eficácia do sistema de gestão da qualidade. Importante, é que não aborda questões relacionadas à eficiência das operações, nem tampouco questões relacionadas à saúde e segurança ou à preservação do meio ambiente entre outras disciplinas da boa gestão moderna.

Deve-se acrescentar que a NBR ISO 9001:2015 é uma das normas fundamentais para a gestão da qualidade, que inclui a NBR ISO 9000 de 09/2015 – Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário que descreve os conceitos fundamentais e princípios de gestão da qualidade que são universalmente aplicáveis a: organizações que buscam sucesso sustentado pela implementação de um sistema de gestão da qualidade; clientes que buscam confiança na capacidade de uma organização prover consistentemente produtos e serviços em conformidade com seus requisitos; organizações que buscam confiança de que, em sua cadeia de fornecedores, requisitos de produto e serviço serão atendidos; organizações e partes interessadas que buscam melhorar a comunicação por meio da compreensão comum do vocabulário utilizado na gestão da qualidade; organizações que fazem avaliação da conformidade com base nos requisitos da NBR ISO 9001; provedores de treinamento, avaliação ou consultoria em gestão da qualidade; desenvolvedores de normas relacionadas. Esta norma especifica os termos e definições que se aplicam a todas as normas de gestão da qualidade e de sistema de gestão da qualidade.

Existe ainda a NBR ISO 9004 de 05/2010 – Gestão para o sucesso sustentado de uma organização – Uma abordagem da gestão da qualidade é uma norma que fornece uma orientação para as organizações que optam por progredir além dos requisitos mínimos obrigatórios da ISO 9001 e tratar uma ampla gama de tópicos que podem levar à melhoria contínua do desempenho global da organização. A ISO 9004 inclui orientação sobre uma metodologia de avaliação para uma organização ser capaz de avaliar o nível de maturidade de seu sistema de gestão da qualidade.

Os Princípios de Gestão da Qualidade, que constituem a fundamentação da norma, foram revisados e atualizados. Algumas das alterações da nova edição da norma devem-se à mudança nos princípios. Outras alterações mais evidentes pretenderam responder a alguns dos problemas que afligem os seus usuários e, ao mesmo tempo, adequar-se às novas tendências e necessidades do mercado. A mudança mais evidente é a nova estrutura comum a todas as normas de gestão da ISO.

Já o Ciclo PDCA – Plan-Do-Check-Act é um método consagrado para a gestão de processos e de sistemas como um todo. A aplicação desse método não é novidade, mas foi enfatizada na nova edição da norma. A própria estrutura da norma está organizada na forma de um grande PDCA. Algumas cláusulas foram mudadas de posição para se adequarem, como é o caso da Análise crítica pela direção que, como atividade de avaliação, passa da atual cláusula 5, para a nova cláusula 9. Também é o caso da cláusula de Ação preventiva, que substituída pelo conceito de risco, passa da antiga (última) cláusula 8 para a atual cláusula 4.

Muitas das cláusulas passaram também a ser redigidas segundo essa lógica: começam requisitando que a organização determine o que deve ser feito, em seguida que estabeleça a forma de execução, de avaliação e melhoria. Esse tipo de redação é menos prescritivo e concede muito mais liberdade para a organização determinar o que é de fato necessário, o que vai modificar a maneira de se auditar e exigir novas competências dos auditores.

Apesar de o PDCA ser amplamente conhecido, é importante ressaltar que é necessária uma conexão entre suas etapas. Deve haver uma disciplina na sua aplicação para que se execute o que foi planejado, e ser avalie os resultados coordenando o planejamento com a execução. Não é raro que as análises sejam conduzidas apenas com base nas realizações, sem levar em conta os desvios em relação aos planos.

Por fim, a introdução da gestão de riscos em conjunto com a gestão de processos e o método PDCA que formam o tripé que suporta a implementação da nova edição da norma. A explicitação do conceito de risco, ao contrário da gestão de processos e do PDCA, é uma novidade. Os sistemas de gestão, por natureza, são preventivos, sua finalidade é produzir produtos e serviços conformes e evitar as não conformidades. A cláusula mais diretamente relacionada com o risco era a ação preventiva. No entanto essa era talvez a cláusula menos entendida e aplicada, além de ter uma posição desfavorável como uma das últimas cláusulas da norma.

As organizações precisam ter mente que existem riscos na gestão de suas atividades, sem exigir explicitamente a aplicação de nenhuma técnica ou método específico. No original foi usado o termo risk-based-thinking para evitar que organizações, sobretudo as pequenas e médias, sejam obrigadas a aplicar métodos incompatíveis com a simplicidade de seus negócios. Naturalmente, as organizações mais complexas vão se beneficiar pela aplicação de técnicas mais sofisticadas.

O risco está definido como o efeito da incerteza sobre um resultado pretendido. Entendido como um desvio da expectativa, o efeito pode ser favorável ou desfavorável. Assim, existiriam riscos positivos e negativos. A norma, no entanto, chama o lado positivo dos riscos de oportunidades e o lado negativo simplesmente de riscos.

Assim, a mentalidade de risco é essencial para se conseguir um sistema de gestão da qualidade eficaz. O conceito de mentalidade de risco estava implícito nas versões anteriores desta norma, incluindo, por exemplo, realizar ações preventivas para eliminar não conformidades potenciais, analisar quaisquer não conformidades que ocorram e tomar ação para prevenir recorrências que sejam apropriadas aos efeitos da não conformidade.

Para estar conforme com os requisitos desta norma, uma organização precisa planejar e implementar ações para abordar riscos e oportunidades. A abordagem de riscos e oportunidades estabelece uma base para o aumento da eficácia do sistema de gestão da qualidade, conseguir resultados melhorados e para a prevenção de efeitos negativos.

Oportunidades podem surgir como resultado de uma situação favorável ao atingimento de um resultado pretendido, por exemplo, um conjunto de circunstâncias que possibilite à organização atrair clientes, desenvolver novos produtos e serviços, reduzir desperdício ou melhorar produtividade. Ações para abordar oportunidades podem também incluir a consideração de riscos associados.

Risco é o efeito da incerteza, e qualquer incerteza pode ter um efeito positivo ou negativo. Um desvio positivo proveniente de um risco pode oferecer uma oportunidade, mas nem todos os efeitos positivos de risco resultam em oportunidades.

A NBR ISO 15189 de 02/2015 – Laboratórios clínicos – Requisitos de qualidade e competência especifica os requisitos para a qualidade e competência em laboratórios clínicos e pode ser utilizada por laboratórios clínicos no desenvolvimento dos seus sistemas de gestão da qualidade e na avaliação de sua própria competência. Esta norma também pode ser utilizada para confirmação ou reconhecimento da competência de laboratórios clínicos por manter próprios clientes, autoridades regulamentadoras e organismos de acreditação.

Esta norma, que está baseada na NBR ISO/IEC 17025 e NBR ISO 9001, especifica os requisitos para competência e qualidade que são específicos para os laboratórios clínicos. É reconhecido que cada país pode ter suas próprias regulamentações ou requisitos específicos aplicáveis a alguns ou a todos os seus profissionais e suas atividades e responsabilidade neste domínio.

Os serviços dos laboratórios clínicos são essenciais para o atendimento de pacientes, portanto tais laboratórios precisam estar preparados para atender às necessidades de todos os pacientes e do pessoal clínico responsável pelo atendimento desses pacientes. Esses serviços incluem disposições para solicitação de exames, preparação e identificação do paciente, coleta de amostras, transporte, armazenamento, processamento e exame das amostras clínicas, juntamente com a subsequente interpretação, relato e orientação, além de considerações sobre segurança e ética no trabalho dos laboratórios clínicos.

Sempre que as regulamentações e requisitos nacionais, regionais ou locais permitirem, é desejável que os serviços dos laboratórios clínicos incluam o exame de pacientes nos casos de consultas médicas, e que esses serviços participem ativamente na prevenção de doenças, além do diagnóstico e cuidados com pacientes. Convém que cada laboratório também forneça oportunidades educacionais e científicas adequadas para os seus funcionários.

A qualidade deve sempre se referir à satisfação das necessidades e das expectativas de usuários e clientes. O foco em usuários e clientes é importante, especialmente em empresas de prestação de serviços, como os laboratórios clínicos que prestam assistência à saúde da população.

Realmente, o que motiva o cliente a utilizar um determinado serviço de análises clínicas é o fato de ele atender as suas necessidades, satisfazendo também suas preferências, conveniências e gostos. Então, é importante que os laboratórios ofereçam serviços que superem as expectativas de seus clientes, não atendendo apenas as suas necessidades, mas indo além delas. São usuários do laboratório de análises clínicas: os clientes (pacientes); os médicos que solicitam os exames; e as empresas prestadoras de serviços de saúde.

Ao se referir à qualidade dos exames deve ser incluído o custo envolvido na sua realização. Se qualidade significa a conformidade às necessidades do cliente, então os custos de qualidade englobam os custos de conformidade e custos de não conformidade.

Atualmente, é notório que os sistemas de garantia da qualidade em organizações de assistência à saúde estão em constante evolução. Há pressões de ordem públicas e privadas pela melhoria da qualidade, mas em contrapartida é necessário que se faça a contenção de custos.

Os custos de conformidade podem ser divididos em custos de prevenção e de avaliação. Exemplo: custo com calibração, com o controle da qualidade. Os custos de não conformidade são custos de falha interna e externa. Exemplo: custo com repetição de exame (falha interna), pedidos repetidos de exames (falha externa).

As melhorias na qualidade podem levar à redução de custos por evitar a repetição de exames, que resulta em desperdício de tempo e de dinheiro. Com a qualidade melhorada, os desperdícios podem ser eliminados com consequente redução. Deming desenvolveu e difundiu a ideia de que a melhoria da qualidade reduz o desperdício e aumenta a produtividade. Diminuindo os custos, haverá uma melhoria na competitividade, possibilitando a empresa permanecer ativa no mercado com suas atividades.

Dessa forma, toda empresa desse setor que for implantar um sistema de qualidade deve providenciar: uma infraestrutura física e ambiental adequada; um pessoal técnico selecionado e treinado, com programa de treinamento estabelecido; dispositivos de medição e ensaios de boa qualidade e calibrados, com plano de manutenções periódicas estabelecido; reagentes de qualidade comprovada e aprovados pelos órgãos competentes; métodos de medição e ensaios, atuais e padronizados; sistema de limpeza correta da vidraria; processos de coleta e conservação das amostras de acordo com metodologia implantada; e um manual da qualidade com documentação completa e atualizada.

A gestão da qualidade de uma empresa deve ser definida pela diretoria, que determina o apoio e disponibiliza os recursos necessários. Compreende as atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização, no que diz respeito à qualidade incluindo o estabelecimento da Política da Qualidade, Objetivos da Qualidade com indicadores e metas, e responsabilidades.

Toda empresa que se preocupa com a qualidade de seus produtos ou serviços deve adotar um modelo de gestão que priorize as atividades que otimizem o seu próprio desempenho e que agregam valor ao produto/serviço para a satisfação do cliente. Para atingir esse objetivo, a empresa tem que agir com planejamento, com a visão no futuro para atingir a sua missão, que é proporcionar máxima satisfação ao cliente

Importante para todos os tipos de laboratórios é a NBR ISO/IEC 17025 de 09/2005 – Requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaio e calibração que especifica os requisitos gerais para a competência em realizar ensaios e/ou calibrações, incluindo amostragem. Ela cobre ensaios e calibrações realizados utilizando métodos normalizados, métodos não normalizados e métodos desenvolvidos pelo laboratório.

A ABNT NM-ISO/TR22869 de 02/2008 – Laboratórios clínicos – Guia para implementação da ISO 15189:2003 no laboratório (ISO/TR 22869:2005, IDT) é um guia para laboratórios clínicos que descreve como um laboratório pode implementar um sistema da qualidade para atender os requisitos técnicos e de gestão específicos para a qualidade e competência da NM ISO 15189:2007. Válido tanto para laboratórios recentemente instalados como para laboratórios consolidados.

A NBR NM 310 de 03/2010 – Laboratório de análises clínicas – Requisitos de elaboração dos laudos de exames estabelece as regras que devem ser seguidas para a preparação dos laudos do laboratório de análises clínicas, tanto nos aspectos conceituais como nos formais. Esta norma se aplica a todos os relatórios realizados em qualquer tipo de análises clínicas, independentemente de quem seja o solicitante de seus serviços.

A NBR NM 320-1 de 02/2008 – Laboratório clínico – Programas de avaliação externa da qualidade – Parte 1: Guia para o planejamento e implementação tem como objetivo orientar os profissionais, entidades científicas e governamentais para o planejamento e implementação de um programa de avaliação externa da qualidade para laboratórios clínicos, que inclui a comparação interlaboratorial e a educação continuada. Já a NBRNM-ISO22870 de 02/2008 – Laboratórios clínicos – Teste laboratorial remoto (TLR) – Requisitos para qualidade e competência (ISO 22870:2006, IDT) brinda os requisitos aplicáveis ao TLR e se pretende que seja usada conjuntamente com a NM ISO 15189. Os requisitos são aplicáveis quando o TLR é realizado em hospitais, clínicas e em instituições de saúde que provém cuidados ambulatoriais. Pode ser aplicada em medidas transcutâneas, análises de ar expirado e monitorização in vivo de parâmetros fisiológicos.

A NBR NM 307 de 04/2006 – Laboratório de análises clínicas – Recomendações para julgamento dos resultados quantitativos do controle interno da qualidade e da avaliação externa da qualidade tem como objetivo descrever as recomendações para análise, interpretação e julgamento dos resultados do CIQ. Descreve também as recomendações para intervenção em resultados fora de controle ou inaceitáveis, mas não proporcionam ações corretivas e preventivas específicas. As diretrizes são aplicáveis em qualquer locação que realiza testes de laboratório e se aplicam fundamentalmente a testes quantitativos.

Enquanto a NBR NM 318 de 08/2007 – Laboratório de análises clínicas – Informação proporcionada pelo fabricante com os reativos de diagnóstico in vitro para uso profissional especifica os requisitos para as informações fornecidas pelo fabricante de produtos de diagnóstico in vitro incluindo os produtos reativos, calibradores, materiais de controle e componentes de reativos para uso profissional, a NBR NM 319 de 08/2007 – Laboratório de análises clínicas – Instruções de utilização dos equipamentos para diagnóstico in vitro para uso profissional especifica os requisitos aplicáveis ao conteúdo das instruções de uso dos equipamentos para diagnóstico in vitro (IVD ou DIV) para utilização profissional.

Deve-se ressaltar que a possibilidade de erro existe em qualquer área de prestação de serviço, mas, quando o problema acontece no setor de saúde, tende a assumir grandes proporções. Ao procurar um médico e submeter-se a exames espera-se comprovar as boas condições físicas ou identificar doenças que possam ser tratadas. Um resultado incorreto, portanto, pode provocar consequências graves.

Um resultado de um exame de sangue realizado em um laboratório indicava que a pessoa estava sofrendo de leucemia. Quando o clínico geral que havia solicitado o exame verificou o resultado, encaminhou a paciente a um hematologista, devido à gravidade do caso. O especialista, no entanto, informou à família que o estado clínico da paciente era incompatível com o que o exame revelava. Ela foi encaminhada a um segundo especialista, que foi categórico: o resultado estava errado ou havia sido trocado. Um novo exame foi solicitado e ficou confirmado que a pessoa não estava doente.

Os laboratórios de análises clínicas são fundamentados em um processo dinâmico que se inicia na coleta do espécime diagnóstico (amostra biológica obtida adequadamente para fins de diagnóstico laboratorial) e termina com a emissão de um laudo.

Didaticamente, o processo pode ser dividido em três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica. A primeira fase consiste na preparação do paciente, coleta, manipulação e armazenamento do espécime diagnóstico, antes da determinação analítica. Ou seja, engloba todas as atividades que precedem o ensaio laboratorial, dentro ou fora do laboratório de análises clínicas.

A fase analítica inicia-se com a validação do sistema analítico, através do controle da qualidade interno na amplitude normal e patológica, e se encerra, quando a determinação analítica gera um resultado. Já a fase pós-analítica, inicia-se após a geração do resultado analítico, quantitativo e/ou qualitativo, sendo finalizada, após a vigente. Importante dizer que os componentes biológicos presentes nos fluídos orgânicos apresentam uma flutuação constante de seus níveis. Estas variações afetam a interpretação dos espécimes de uso diagnóstico.

Assim, os principais fatores que influenciam na magnitude da variação dos parâmetros biológicos foram classificados em três grupos: as variáveis pré-analíticas, as analíticas e as biológicas. A fase pré-analítica é responsável por mais de dois terços de todos os erros atribuídos ao laboratório de análises clínicas, e há apenas alguns procedimentos de rotina para a detecção de não conformidades neste domínio de atividades. Nesta fase, os procedimentos que envolvem a flebotomia, fundamental para a obtenção do espécime diagnóstico sanguíneo, são poucos estudados no que diz respeito às principais fontes de erros e os procedimentos relacionados ao processo de gestão da qualidade.

O risco organizacional envolve componentes que podem afetar os aspectos operacionais, técnicos, de responsabilidade e de negócios do laboratório. No contexto da melhoria contínua, os elementos de risco do potencial de perda são considerados com maior prioridade que os elementos de ganho.

A consideração do risco inclui necessariamente os elementos relacionados, porém diferentes da probabilidade de ocorrência e gravidade do impacto. Os fatores que impactam sobre o risco podem atuar direta ou indiretamente. Os especialistas sugerem algumas medidas que poderiam ser adotadas em laboratórios clínicos nacionais: seriam as análises de questionários sobre falhas na qualidade da assistência, respondidos por profissionais de laboratório, seguidas de investigação sobre o impacto provocado na assistência ao paciente. Também, sugerem a adoção de notificação voluntária para identificação de eventos adversos e a aplicação de estudos retrospectivos de relatórios de incidentes para avaliação do sistema de classificação de relatórios de erros laboratoriais.

Os laboratórios clínicos são parte da cadeia de assistência à saúde, exercendo um importante papel no suporte às decisões clínicas. A realização de exames laboratoriais ocorre num ambiente complexo, onde coexistem procedimentos, equipamentos, tecnologia e conhecimento humano, com o objetivo de garantir resultados que orientem decisões diagnósticas e terapêuticas. Informações laboratoriais erradas, ocasionadas por falhas no processo laboratorial e transmitidas aos médicos, podem afetar diretamente os resultados da assistência e a segurança do paciente

Embora os erros ocorridos dentro de laboratórios clínicos possam ser mais facilmente detectados e corrigidos pela própria equipe laboratorial, é fundamental que se obtenha outras fontes de informação, como relatório de notificação de incidentes, queixas de médicos, relatórios de atrasos ou tempo de liberação de resultados, etc.

Há a necessidade de criação de uma cultura na qual a existência do risco seja admitida e a prevenção do dano reconhecida com responsabilidade coletiva. A percepção para transformar a medicina, incluída a laboratorial, originada dos estudos do fator humano, é de que os erros raramente são atribuídos a falhas pessoais, inadequações ou falta de cuidado.

Assim, a nominação, a culpa, o envergonhamento e a punição em nada têm contribuído para reduzir a sua incidência. Diante dos conceitos atuais, é desejável que, uma vez confirmada a ocorrência de um incidente, haja clima organizacional para que todo o ciclo de investigação das fragilidades existentes possa ser iniciado, sem receios de culpabilização.

Se isso for conseguido, será possível buscar novas formas de detecção de incidentes laboratoriais, sejam eles reais ou potenciais, e estimular a sua notificação, permitindo a análise de riscos, identificação da gravidade e a redução de eventos adversos. Em análises clínicas, o conteúdo do laudo.

Dessa forma, segundo a norma técnica, o laudo deve incluir, mas não se limitar a, os seguintes itens: identificação clara e inequívoca do exame, incluindo, quando apropriado, procedimentos de exames; identificação do laboratório que emitiu o laudo; identificação de todos os exames que foram realizados por um laboratório de apoio; identificação e localização do paciente em todas as páginas; nome ou outro identificador único do solicitante e detalhes de contato do solicitante; data da coleta da amostra primária (e hora, quando disponível e relevante para o atendimento do paciente); tipo de amostra primária; procedimentos de medição, quando apropriado; resultados dos exames informados nas unidades do SI, unidades rastreáveis às unidades SI, ou outras unidades aplicáveis; intervalos de referência biológica, valores de decisão clínica, ou diagramas/nomogramas dando suporte aos valores de decisão clínica; interpretação dos resultados, quando apropriado; outros comentários, como notas de advertência ou explicativas (por exemplo, qualidade ou adequação da amostra primária que possa ter comprometido o resultado, resultado/interpretação dos laboratórios de apoio, ou uso de procedimento interno implementado); identificação de exames realizados como parte de um programa de pesquisa ou desenvolvimento e para os quais não estão disponíveis informações específicas sobre o desempenho de medição; identificação do pessoal que analisa criticamente os resultados e libera o laudo (prontamente disponível quando necessário, se não estiver incluído no laudo); data do laudo e hora da liberação (prontamente disponível quando necessário, se não estiver incluído no laudo); número de páginas e o total de páginas (por exemplo, “Página 1 de 5”, “Página 2 de 5” etc.).

Deve-se notar que, sob algumas circunstâncias, pode ser apropriada a distribuição de listas ou tabelas de intervalos de referência biológica para os usuários de serviço do laboratório onde os laudos são recebidos. A interpretação completa dos resultados requer o contexto das informações clínicas que podem não estar disponíveis para o laboratório.

O laboratório deve estabelecer, ainda, os procedimentos documentados para a liberação de resultados de exame, incluindo detalhes sobre quem pode liberar os resultados e a quem. Os procedimentos devem garantir que as seguintes condições abaixo sejam atendidas.

Quando a qualidade da amostra primária recebida é inadequada para exame, ou possa ter comprometido o resultado, isto é indicado no laudo. Quando os resultados dos exames estiverem dentro de intervalos estabelecidos como “alerta” ou “crítico”: um médico (ou outro profissional de saúde autorizado) é notificado imediatamente [isto inclui resultados recebidos sobre amostras enviadas a laboratórios de apoio para exame (ver 4.5)]; são mantidos os registros de ações tomadas que informem data, horário, membro responsável da equipe do laboratório, pessoa notificada, resultados de exame transmitidos e quaisquer dificuldades encontradas em notificações.

O resultado é legível, sem erros na transcrição, e reportados para pessoas autorizadas a receber e fazer uso da informação. Quando os resultados forem transmitidos na forma de um laudo parcial, o laudo final é sempre encaminhado para o solicitante.

Existem processos para assegurar que resultados fornecidos por telefone ou meio eletrônico possam alcançar somente os destinatários autorizados. Os resultados informados verbalmente devem ser acompanhados por um laudo escrito. Deve haver um registro de todos os resultados fornecidos verbalmente.

Para os resultados de alguns exames (por exemplo, exames de certas doenças genéticas ou infecciosas), pode ser necessário aconselhamento especial. Convém que o laboratório se esforce para que os resultados com sérias implicações não sejam comunicados diretamente ao paciente sem a oportunidade de aconselhamento adequado. Os resultados de exames de laboratório que tenham sido separados de qualquer identificação do paciente podem ser usados para propósitos como epidemiologia, demografia ou outras análises estatísticas.

Paralelamente, pode-se igualmente, aprender muito no setor de saúde com as normas técnicas. Esse setor se define como um conjunto de valores, normas, instituições e atores, que desenvolvem atividades de produção, distribuição e consumo de bens e serviços, cujos objetivos principais ou exclusivos são promover a saúde de indivíduos ou grupos de população. As atividades que essas instituições desenvolvem estão orientadas a prevenir e controlar os agravos e doenças, atender os lesionados e doentes, investigar as causas e capacitar o setor saúde para as respostas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece alguns determinantes e fatores condicionantes no setor. Reconhece que cada país conta com sua própria definição do setor saúde, que deve ser levada em conta, e que, além disso, promove seu próprio processo de desenvolvimento nacional de saúde. Também, há as relações do setor saúde com outros setores de desenvolvimento social e econômico e uma visão dinâmica do setor, que destaca as mudanças nas instituições e nos atores que conformam o setor saúde, o entorno econômico no qual se desenvolvem suas atividades, assim como o conjunto de valores, conhecimentos, habilidades, organizações, recursos e tecnologias, atitudes e interesses das instituições e atores que conformam esse setor.

Atualmente, entende-se que o setor saúde não aglutina somente instituições públicas, mas também instituições privadas, da sociedade civil, instituições de educação em saúde e de pesquisa em saúde, assim como entidades prestadoras de serviços de água e saneamento. As instituições do setor saúde, em conjunto, conformam um sistema nacional de saúde cuja modalidade organizativa e operativa depende da organização política e administrativa de cada país em particular. Em todo caso, o Ministério da Saúde é a cabeça do setor.

Não há receita única em relação à organização do setor saúde para a gestão de risco e a resposta a emergências e desastres. O alcance e as responsabilidades do setor saúde nos temas relacionados à prevenção e atenção de emergências e desastres dependem da estrutura, do funcionamento e da legislação particular de cada país. Portanto, o desenvolvimento do tema e a organização dos atores em nível nacional irão variar de país para país. O importante é que o país e o setor saúde tenham estruturas organizacionais suficientemente flexíveis para adaptarem-se aos contextos políticos, sociais e técnicos que se apresentam durante emergências.

Nessa direção, o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais de Saúde são responsáveis por coordenar, elaborar e executar planos de preparo para emergências e desastres nos níveis nacional, estadual e municipal que incluam a redução da vulnerabilidade dos serviços de saúde, a adoção de medidas de saneamento e demais ações orientadas a diminuir os fatores de risco, proteger a saúde das pessoas afetadas e reduzir a mortalidade e o impacto na saúde da população em geral.

Além de estabelecer uma unidade responsável pela coordenação e execução de atividades permanentes, é necessário estabelecer claramente os níveis e alcances de autoridade, responsabilidade, delegação de funções, tomada de decisões, liderança e coordenação dentro dos diferentes níveis (federal, estadual e municipal) do setor saúde. Esse tema é de importância particular, sobretudo para conduzir os processos de melhoramento da segurança em estabelecimentos de saúde, o fortalecimento da capacidade setorial para enfrentar emergências e desastres, a implementação das ações de assistência humanitária em saúde e o desenvolvimento de processos de reabilitação e reconstrução de programas e serviços de saúde.

A norma técnica mais usada no setor de saúde é a NBR ISO 14971 de 10/2009 – Produtos para a saúde – Aplicação de gerenciamento de risco em produtos para a saúde que especifica um processo pelo qual um fabricante pode identificar os perigos associados aos produtos para a saúde, incluindo produtos para a saúde de diagnóstico in vitro, estimar e avaliar os riscos associados, controlar esses riscos e monitorar a eficácia do controle. Os requisitos desta norma são aplicáveis a todos os estágios do ciclo de vida de um produto para a saúde.

Não se aplica a procedimentos de decisão clínica relacionados a utilização de um produto para a saúde. Não especifica os níveis de risco aceitáveis. Não requer que o fabricante tenha um sistema da qualidade formal estabelecido. Entretanto, o gerenciamento de risco pode ser uma parte integrante de um sistema da qualidade.

Os seus requisitos fornecem aos fabricantes uma estrutura dentro da qual experiência, discernimento e julgamento são utilizados de forma sistemática para gerenciar riscos associados com a utilização de produtos para a saúde. Foi desenvolvida especificamente para fabricantes de produtos para a saúde/sistemas de produtos para a saúde, utilizando princípios estabelecidos de gerenciamento de risco.

Para outros fabricantes, por exemplo, em outras indústrias de cuidados a saúde, esta norma poderia ser utilizada como uma orientação informativa para o desenvolvimento e manutenção de um sistema e processo de gerenciamento de risco. Trata de processos para gerenciar riscos, primariamente para o paciente, mas também para o operador, outras pessoas, outros equipamentos e o ambiente.

Como um conceito geral, atividades que envolvem um indivíduo, organização ou governo podem expor ao perigo tanto as partes citadas quanto outras interessadas, atividades essas que podem causar perda ou dano de algo que seja de valor. O gerenciamento de risco é um assunto complexo, porque cada parte interessada estabelece valores diferentes para a probabilidade do dano ocorrer e sua severidade.

É aceito que o conceito de risco possui dois componentes: a probabilidade de ocorrência de dano; e as consequências desse dano, ou seja, quão severo ele venha a ser. Os conceitos de gerenciamento de risco são particularmente importantes em relação aos produtos para a saúde, devido a variedade de partes interessadas, incluindo profissionais da saúde, organizações que prestam serviços de assistência médica, governos, indústrias, pacientes e o público em geral.

Todas as partes interessadas precisam entender que o uso de um produto para a saúde implica certo grau de risco. A aceitabilidade de um risco por uma parte interessada é influenciada pelos componentes listados na norma e pela percepção que a parte interessada tem do risco. A percepção do risco por cada parte interessada pode variar muito, dependendo de sua formação cultural, da formação socioeconômica e educacional da sociedade em questão, do estado de saúde real e percebido do paciente e muitos outros fatores.

A maneira como um risco é percebido também leva em conta, por exemplo, se a exposição ao perigo parece ser involuntária, evitável, causada por fonte humana, devido a negligência, proveniente de alguma causa não muito clara ou direcionada a um grupo vulnerável da sociedade. A decisão de adotar um procedimento clínico utilizando um produto para a saúde requer um balanceamento entre os riscos residuais e os benefícios previstos do procedimento.

É recomendado que tais julgamentos levem em consideração a utilização destinada, o desempenho e os riscos associados ao produto para a saúde, como também os riscos e benefícios associados ao procedimento clínico ou as circunstâncias de uso. Alguns desses julgamentos somente podem ser feitos por médicos qualificados que conheçam o estado de saúde de um paciente em particular ou a opinião do próprio paciente.

Como uma das partes interessadas, o fabricante realiza julgamentos a respeito da segurança de um produto para a saúde, incluindo a aceitabilidade de riscos, considerando o estado da arte geralmente aceito, para determinar a provável adequação de um produto para a saúde a ser colocado no mercado para a utilização destinada. A norma especifica um processo pelo qual o fabricante de um produto para a saúde possa identificar perigos associados ao produto, estimar e avaliar os riscos associados a tais perigos, controlar esses riscos e monitorar a eficácia de tal controle. Para um produto para a saúde em especial, outras normas podem requerer a aplicação de métodos específicos para gerenciamento de risco.

No Anexo C (informativo) da norma há questões que podem ser utilizadas para identificar as características do produto para a saúde que poderiam gerar impactos sobre a segurança. Uma dessas questões e a resposta, apenas como exemplo, é qual é a utilização destinada do produto para a saúde e como ele deve ser utilizado? Os fatores recomendáveis a serem considerados incluem: o papel do produto para a saúde relativo ao diagnóstico, prevenção, monitoramento, tratamento ou alívio de doença; compensação por lesão ou invalidez ou substituição ou modificação da anatomia, ou controle de concepção. No Anexo G (informativo) há informação sobre as técnicas de gerenciamento de risco: Análise Preliminar de Perigos (PHA); Análise de árvore de falha (FTA); Análise de Modos de Falha e Efeitos (FMEA); Estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP); e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACGP). Pode-se muito aprender com todas essas técnicas.

Há outras normas para o setor. A NBR ISO 15223-1 de 07/2015 – Produtos para a saúde – Símbolos a serem utilizados em rótulos, rotulagem e informações a serem fornecidas de produtos para saúde – Parte 1: Requisitos gerais que identifica os requisitos para os símbolos utilizados na rotulagem de produtos para a saúde que visam expressar a informação para a utilização segura e eficaz de produtos para a saúde.

A NBR IEC 62366 de 05/2010 – Produtos para a saúde – Aplicação da engenharia de usabilidade a produtos para a saúde especifica um processo para o fabricante analisar, especificar, desenvolver, verificar e validar a usabilidade, relacionadas à segurança de produtos para a saúde. A NBR 12808 de 01/1993 – Resíduos de serviços de saúde classifica resíduos de serviços de saúde quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que tenham gerenciamento adequado.

A NBR 13534 de 01/2008 – Instalações elétricas de baixa tensão – Requisitos específicos para instalação em estabelecimentos assistenciais de saúde aplica-se a instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde, visando garantir a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde. A NBR ISO 14155-1 de 05/2004 – Pesquisas clínicas de produtos para saúde envolvendo seres humanos – Parte 1: Requisitos gerais define os procedimentos para a conduta e execução de pesquisas clínicas de produtos para saúde, especificando requisitos gerais com a intenção de proteger seres humanos.

Para a esterilização existem várias normas que podem ser consultadas como um fator de aprendizagem. A NBR ISO 17664 de 09/2015 – Esterilização de produtos para saúde - Informação a ser fornecida pelo fabricante para o processamento de produto para saúde resterilizável especifica a informação a ser fornecida pelo fabricante do produto para saúde sobre o processamento requerido de produtos para saúde declarados como resterilizáveis e para produtos para saúde destinados a serem esterilizados pelo processador.

A NBR ISO 11135-1 de 06/2014 – Esterilização de produtos de atenção à saúde – Óxido de etileno – Parte 1: Requisitos para desenvolvimento, validação e controle de rotina de um processo de esterilização de produtos para saúde especifica requisitos para o desenvolvimento, validação e controle de rotina de um processo de esterilização de produtos para saúde por óxido de etileno. A NBR ISO 17665-1 de 01/2010 – Esterilização de produtos para saúde – Vapor Parte 1: Requisitos para o desenvolvimento, validação e controle de rotina nos processos de esterilização de produtos para saúde especifica requisitos para o desenvolvimento, validação e controles de rotina para o processo de esterilização por vapor de produtos para saúde. A NBR ISO 14937 de 04/2014 – Esterilização de produtos de atenção à saúde – Requisitos gerais para caracterização de um agente esterilizante e desenvolvimento, validação e controle de rotina de um processo de esterilização de produtos para saúde especifica os requisitos gerais para a caracterização de um agente esterilizante e para o desenvolvimento, validação e rotina de monitoramento e controle de um processo de esterilização de produtos para saúde.

Enfim, o mundo moderno está levando o ensino em saúde para novos desafios. As descobertas sobre neurociências e a psicologia cognitiva sobre os processos da aprendizagem, o volume e a transitoriedade da base de conhecimentos necessários na prática na saúde, o acesso à saúde das pessoas e comunidades, bem como o maior acesso às informações em saúde e da conscientização das pessoas, mudou as expectativas e exigências para as escolas da área da saúde, obrigando-as a rever as situações e os ambientes de ensino-aprendizagem disponibilizados para os estudantes em sua formação. E as normas técnicas podem ser uma fonte de conhecimento inestimável, já que elas são o resultado de um processo de consenso estabelecido por um organismo reconhecido onde todas as partes interessadas podem participar e contribuir. E melhor: se baseiam em estudos consolidados da ciência, tecnologia e experiência acumulada, visando a benefícios para a comunidade.

Thelma Regina Silva Stracieri de Paiva é biomédica, desenvolveu um trabalho de Balanced Scorecard (BSC) no setor de serviço de Hemoterapia no Hospital Israelita Albert Einstein e atualmente é professora na Escola Técnica do Hospital Israelita Albert Einstein – thelma.paiva@target.com.br

A síndrome do esgotamento profissional

CURSO TÉCNICO

Inspetor de Conformidade das Instalações Elétricas de Baixa Tensão de acordo com a NBR 5410 – Disponível pela Internet

Segundo leis nacionais como: CDC – Código de Defesa do Consumidor e NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.

Também chamada de Síndrome de Burnout, a síndrome do esgotamento profissional se trata de um distúrbio psíquico causado pelo cansaço mental, emocional e físico, devido ao excesso de trabalho. Ou seja, o envolvimento praticamente ininterrupto da pessoa com a área profissional se torna tão grande que ela deixa de ter e aproveitar momentos de repouso, relaxamento mental e distanciamento das atividades. Assim, a síndrome interfere negativamente no resultado de quem pensa apenas em demonstrar seu desempenho profissional ao máximo, buscar sucesso, status, realização, etc.

De acordo com a psicanalista Andreia Rego, quem convive com uma pessoa que sofre de esgotamento profissional pode ser capaz de identificar a síndrome por meio do comportamento dela. “O indivíduo passa a agir de forma mais agressiva, fica mais mal-humorado e antissocial. Nas relações de trabalho, ele tenta impor sua superioridade quando há tarefas comuns com outros colegas, por vezes também prefere ficar isolado. Na cabeça dessas pessoas, os pensamentos negativos dominam e, dependendo de quão intenso o distúrbio esteja, a vida acaba não tendo sentido, isto é, elas passam a ter um vazio existencial, o que gera grande desmotivação para tudo”, afirma.

Segundo Andreia, que também é coach de desenvolvimento humano, a pessoa exausta com suas responsabilidades apresenta alguns sintomas, como fortes dores de cabeça e/ou estomacais, calafrios, falta de ar, desconcentração, insônias, tonturas e até depressão. “A síndrome surge aos poucos e os impactos variam de acordo com cada um. Por isso, é importante parar e tentar perceber se você tem tido picos de alterações, não tão constantes, ou se tem levado a rotina com mais compulsão e imediatismo”.

Dessa forma, o processo de coaching é instrumento que pode ser utilizado para evitar a Síndrome de Burnout, já que, por meio dele, é possível passar pelas esferas de vida do indivíduo e proporcionar uma reflexão sobre como está sua qualidade de vida, gestão de tempo e equilíbrio emocional. “O maior benefício que o coaching traz é o autoconhecimento. Essa peça é fundamental para afastar o distúrbio psíquico porque fortalece a autoestima e o bem estar, depois de conciliar as obrigações profissionais com atividades de prazer”, conclui ela.

As emissões veiculares em São Paulo


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emissõesA Cetesb publicou o relatório Emissões Veiculares no Estado de São Paulo trazendo as estimativas de emissão de poluentes por veículos rodoviários no período de 2006 a 2014. Os seguintes compostos foram inventariados: monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos não metano (NMHC), dióxido de enxofre (SO2), aldeídos (RCHO) e material particulado (MP).

Em 2014, a estimativa da frota circulante no estado foi de 15,3 milhões de veículos, um aumento na ordem de 3% em relação a 2013. Desses, 10 milhões são automóveis, 2 milhões são comerciais leves, 600 mil ônibus e caminhões e 2,7 milhões de motocicletas.

O documento revelou, entre outros dados, que as emissões totais no estado, em 2014, foram de 417 mil toneladas de monóxido de carbono/CO (35% a menos que a emissão de CO em 2006), 85 mil toneladas de hidrocarbonetos não metano/NMHC (28% menos que em 2006) – já incluída a estimativa de emissão de abastecimento – , 1,8 mil toneladas de aldeídos/RCHO (35% menos que há 9 anos), 171 mil toneladas de óxidos de nitrogênio/NOx (21% a menos), 4,8 mil toneladas de material particulado/(MP (43% a menos) e 5,6 mil toneladas de óxidos de enxofre/SOx (53% a menos). Como nas edições anteriores, as estimativas de emissões das regiões metropolitanas demonstram que a RMSP é a mais impactada pela circulação e comporta aproximadamente metade da frota do estado.

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Entre 2006 e 2014, os dados estaduais mostraram que o decréscimo na emissão de poluentes foi motivada pela incorporação de veículos com novas tecnologias em substituição aos veículos antigos, mais poluidores. O relatório apontou que a frota paulista cresceu 3% em 2014, confirmando uma tendência da taxa de crescimento, em queda desde 2012, após período de alta das vendas de veículos novos. A idade média da frota é de aproximadamente nove anos.

A parcela dos mais antigos, correspondente a 10% do total, é responsável por mais ou menos 40% da emissão de alguns dos principais poluentes que afetam a qualidade do ar. Ao contrário, a parcela mais nova da frota – carros fabricados a partir de 2014 –  corresponde a 7% do conjunto de veículos leves e é responsável por apenas 2% da emissão total de poluentes da categoria. Projeções de especialistas dão conta de que essa frota mais antiga demorará ainda cerca de 10 anos para ser totalmente substituída.

Complementarmente, a análise da evolução tecnológica da frota no período entre 2006 e 2014, para automóveis, permite verificar no ano passado uma situação excepcional contrária à tendência geral de redução das emissões que havia até 2013, fato que se deve justamente à diminuição da taxa de crescimento de vendas de veículos leves novos.

Com relação aos caminhões, no mesmo período, a tendência de redução da emissão é bastante visível para todos os poluentes – provavelmente, por causa da evolução da frota para fases mais recentes do Proconve, como a Fase P7 (última fase dos veículos pesados), iniciada em 2012. E com relação às motos, notou-se que, com exceção do NOx – cuja emissão estabilizou – , decresceu para outros gases, sendo que com a nova fase M4 do Promot, a partir deste ano, novos ganhos deverão ser registrados.

Segundo a Cetesb, as ações fiscalizatórias, como a da fumaça preta emitida em excesso (acima do permitido pela legislação) pelos veículos diesel, atividade essa exercida rotineiramente ou em megacomandos durante a Operação Inverno, resultaram em cerca de 21 mil multas em 2014 e, certamente, também contribuíram para a redução da emissão de fumaça para a atmosfera. Destacou-se no relatório, ainda, a diminuição drástica da emissão de compostos de enxofre em 2014,  em função da redução desse contaminante na gasolina, desde o ano passado, e no diesel, a partir de 2013.

A exceção é a emissão de vapor de combustível durante o abastecimento, que cresce na mesma proporção do consumo. Esse tipo de emissão ainda não é controlado no Brasil e na maior parte do mundo, porém os dados mostram que ele é significativo.

Esta edição trouxe uma estimativa da emissão de gases de efeito estufa (GEE) provenientes dos veículos automotores, que totalizou 39 milhões de toneladas, mostrando uma pequena diminuição em relação a 2013. Essa redução ocorreu em função da queda no consumo de diesel (combustível fóssil) e do aumento do uso do etanol (combustível renovável), em substituição à gasolina.

Como conclusão, a Cetesb observou que o impacto das emissões veiculares é mais sentido nas regiões em que a qualidade do ar apresenta elevados níveis de concentração de ozônio e de MP. Ainda que os fatores de emissão dos veículos novos estejam decrescendo, o aumento da frota, os congestionamentos das vias e a emissão de abastecimento comprometem os ganhos obtidos com os avanços tecnológicos.

A concentração de metais pesados no ar de SP

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poluiçãoA Cetesb fez um estudo para avaliar as concentrações de metais pesados na atmosfera do município de São Paulo. O objetivo foi verificar os níveis de concentração desses metais, encontrados no material particulado atmosférico, ao longo dos anos, e comparar essas concentrações com valores de referência estabelecidos para esse poluente.

A maioria dos metais ocorre no ar ambiente na forma de partículas, apesar de constituírem uma pequena fração do material particulado. Dessa forma, a medição dos níveis de concentrações de metais em partículas inaláveis é importante para determinar possíveis impactos sobre a saúde humana e o meio ambiente.

O relatório foi elaborado utilizando-se dados coletados nas Partículas Inaláveis (MP) da estação de monitoramento instalada no bairro de Cerqueira César, que é fortemente influenciada pelas emissões veiculares e pertence à rede manual de qualidade do ar da Cetesb. Foram analisadas amostras coletadas uma vez a cada seis dias, por 24 horas, nos anos de 2002, 2006, 2009 e 2012. A determinação de metais foi feita utilizando espectrômetro de fluorescência de Raio –X.

Os resultados mostraram que as concentrações de metais apresentaram reduções ao longo dos anos, seguindo a tendência das concentrações de MP10 obtidas nesses anos.]As concentrações médias anuais tanto de Ni (níquel) quanto de As (arsênio) e Pb (chumbo), estiveram abaixo dos valores de referência estabelecidos pela União Europeia. No caso do Pb, foram inferiores ao padrão de qualidade do ar adotado no estado de São Paulo para este poluente, que é também o valor guia estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo a Cetesb, os metais são encontrados naturalmente, em baixos níveis, no meio ambiente e alguns são considerados nutrientes essenciais para os seres humanos. No entanto, certos tipos de metais ou mesmo metais em altas concentrações podem ter efeitos prejudiciais sobre a saúde humana e o meio ambiente.

Como a maioria dos metais no ar ocorrem no ambiente na forma de partículas, apesar de os metais constituírem apenas uma pequena fração do material particulado, a medição dos níveis de concentração de metais em partículas inaláveis é importante para determinar seus possíveis impactos sobre a saúde humana. O material particulado inalável (MP) com diâmetro aerodinâmico igual ou inferior a 10 mm é constituído por uma mistura complexa de partículas sólidas e líquidas de substâncias orgânicas e inorgânicas em suspensão no ar. O MP é considerado um dos principais indicadores para possíveis efeitos à saúde, pois é facilmente inalado, depositando-se nos pulmões ou nas vias respiratórias superiores. Os metais pesados são emitidos para o ambiente a partir de uma variedade de fontes antropogênicas.

Os processos de combustão são as fontes mais importantes desses metais, como queima de combustíveis em fontes estacionárias, exaustão de veículos automotores, além de processos de geração de energia utilizando combustíveis fósseis, fundição e incineração. Entretanto, no centro de grandes áreas urbanas, densamente povoadas, as emissões provenientes das fontes móveis, que ocorrem ao nível do solo e ao longo das ruas, são as principais fontes a serem consideradas.

Como os metais são elementos que não podem ser decompostos ou destruídos, consequentemente, acumulam-se no ambiente. Na atmosfera o meio de remoção desses metais é por deposição seca (sedimentação) e/ou deposição úmida (precipitação).

De acordo com diversas organizações internacionais, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC), alguns metais pesados são reconhecidamente carcinogênicos, entre eles cádmio (Cd), níquel (Ni) e arsênio (As). Para as substâncias carcinogênicas, os valores de referência fornecem uma estimativa de risco, que está associada às concentrações desses metais na atmosfera e ao tempo de exposição da população a essas concentrações.

Segundo dados da OMS, o cádmio presente na atmosfera representa um perigo potencial para a saúde humana, podendo exercer efeitos tóxicos sobre os rins, o sistema esquelético e o sistema respiratório e é classificado como um carcinogênico humano. A exposição em longo prazo a alguns compostos de níquel podem causar efeitos tóxicos nas vias respiratórias e sistema imunológico.

Geralmente, a exposição a aerossóis contendo níquel contribuem para doenças respiratórias, como asma, bronquite, rinite, sinusite. Vários estudos epidemiológicos têm investigado o potencial carcinogênico proveniente da inalação de compostos de níquel.

O arsênio e seus compostos são tóxicos quando inalados, ingeridos ou absorvidos. As doenças ligadas ao envenenamento crônico por arsênio incluem desde lesões de pele até diabetes, insuficiência renal e câncer, entre outras.

O chumbo também é um metal de grande importância ambiental por ser nocivo à saúde humana. Ele se acumula no sangue, nos ossos e nos tecidos moles, também podendo afetar os rins, o fígado e o sistema nervoso.

Por que foi escolhida a estação Cerqueira César para a amostragem? A Cetesb acha que as concentrações de poluentes observados em uma determinada estação de amostragem dependem de uma série de fatores relativos à localização desta estação e das fontes de emissão que a influenciam. A escala espacial de representatividade da estação define a área de abrangência em que os níveis de concentração e os valores medidos na estação podem ser considerados similares. A estação Cerqueira César, localizada na zona oeste de São Paulo, em uma das partes mais altas da cidade, é considerada uma estação de microescala. Essa escala espacial caracteriza-se por estar localizada próxima às fontes de emissão, neste caso as vias de tráfego, abrangendo áreas de dimensões de poucos metros a 100 metros. A estação está instalada na Faculdade de Saúde Pública, distante cerca de 7 metros da Av. Dr Arnaldo, que possui tráfego intenso tanto de veículos leves como pesados (ônibus).

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Concentrações médias anuais obtidas na estação Cerqueira César

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Concentrações máximas diárias obtidas para cada elemento na estação Cerqueira César

Enfim, as concentrações médias anuais tanto de Ni quanto As e Pb estiveram abaixo dos valores de referência estabelecidos pela União Europeia. No caso do Pb, foram inferiores ao padrão de qualidade do ar adotado no Estado de São Paulo para este poluente (em que pese ter sido medido no MP), que é também o valor de referência estabelecido pela OMS.

As concentrações médias assim como as faixas de valores obtidos neste estudo, para Ni, As e Pb, foram comparáveis às obtidas em outras cidades ao redor do mundo. Não houve grande variação no teor porcentual dos metais no MP10 ao longo dos anos.

Os níveis de chumbo obtidos na atmosfera foram maiores que os de níquel, seguido do arsênio. · No caso do cádmio, os valores obtidos estiveram abaixo do limite de detecção do método.

As concentrações de Ni e Pb diminuíram em 2009, em relação a 2002 e 2006 e voltaram a aumentar em 2012, seguindo a tendência das concentrações de MP obtidas nesses anos. Foi observada uma forte correlação (r=0,80) entre as concentrações de Pb e As indicando que esses metais podem ser provenientes das mesmas fontes.