Questão de saneamento

NBR ISO 50004 de 03/2016 e NBR ISO 50006 de 03/2016: os princípios para um sistema de gestão de energia Publicada em 20/04/2016

Quais são os requisitos gerais de um sistema de gestão da energia? Quais considerações devem…

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Luiz Gonzaga Bertelli

A eclosão da zika surpreendeu o Brasil e uma de suas graves consequências  graves, a microcefalia em bebês, talvez seja a que mais sensibilize a sociedade. Mas há um aspecto que, embora ainda cause indignação, não chega a surpreender: a fragilidade do sistema público de saúde, que se mostra mais precário em casos de surtos inesperados de doenças que se disseminam rapidamente.

Mas aqui cabem algumas perguntas. Será que todos os surtos são mesmo inesperados? Depois do susto com a dengue há poucos anos, ninguém pode alegar que o seu vetor, o Aedes egypti não seja bem conhecido dos brasileiros. Sem tirar o mérito das campanhas de erradicação do mosquito (fumacês, evitar acúmulo de água em pratinhos de vasos, pneus velhos ou garrafas pets; cobrir as caixas d’água, etc.), não seria hora (ainda que tardia) de se pensar em medidas tão ou mais eficazes de prevenção ou, pelo menos, de contenção da proliferação do Aedes?

Essa proposta remete para o persistente descaso com  o saneamento básico, hoje privilégio de apenas 50% dos brasileiros. A outra metade da população está vulnerável a doenças transmissíveis por vetores que proliferam em esgotos a céu aberto, enchentes, poças de água de chuva, etc. Ou, no caso do Aedes, até na água limpa que os moradores estocam para vencer a seca em centenas de municípios, como no Nordeste.

Se o terrível lado humano dessas tragédias não basta para sensibilizar o Poder Público, quem sabe as estimativas dos custos financeiros gerados pelo Aedes estimulem investimentos para valer em saneamento básico. Fiquemos em dois  exemplos, válidos só para 2015. Para tentar controlar a proliferação do Aedes e dos vírus que transmite, só o Ministério da Saúde gastará R$ 2,5 bilhões. E mais: a zika pode causar prejuízos de até R$ 8,6 bilhões com a redução da vinda de estrangeiros para as Olimpíadas.

Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE.

 

As perdas de água nos sistemas de distribuição

CURSO TÉCNICO PRESENCIAL

Aterramento e a Proteção de Instalações e Equipamentos Sensíveis contra Raios: Fatos e Mitos – A partir de 3 x R$ 257,81 (56% de desconto)

vazamentoNo mundo, cidades com padrão de excelência em perdas têm indicadores menores que 10%, no Brasil, atualmente esses índices são maiores que 35%

A água é uma necessidade básica da humanidade e a sua escassez e contaminação podem comprometer irreversivelmente a existência humana na Terra. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso a um abastecimento adequado de água. No Brasil, com a crise hídrica que vem afetando fortemente as regiões Sudeste e Nordeste, este assunto ganhou nos últimos meses uma enorme visibilidade na sociedade como um todo, e também entre autoridades e formadores de opinião.

Uma das questões mais relevantes para a gestão hídrica é a mensuração e o controle contínuo das perdas de água, principalmente na etapa de distribuição dos sistemas de abastecimento. Essas perdas podem ser provenientes de vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados (ligações clandestinas). Isso traz impactos negativos para o meio ambiente e para a receita financeira da companhia, elevando os custos com tratamento da água, energia elétrica, entre outros. O Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, apresentou em março deste ano o documento “Perdas de Água: Desafios ao Avanço do Saneamento Básico e à Escassez Hídrica”. Usaram como base os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), de 2013, do Ministério das Cidades.

O estudo apontou que cidades com padrão de excelência em perdas têm indicadores menores do que 15%. No Brasil, em 2013, o índice de perdas de faturamento total foi de 39,07% (6,53 bilhões de metros cúbicos ao ano) e o índice de perdas na distribuição foi de 36,95% (5,95 bilhões de metros cúbicos ao ano). Os dados apresentados pelo SNIS evidenciam uma urgência cada vez maior em acelerar o ritmo de gestão e investimentos em programas de controle e redução das perdas de água.

Tecnicamente pode-se encontrar diferentes procedimentos para avaliação das perdas de água. Uma das mais utilizadas é a proposta pela International Water Association (IWA), seguindo uma matriz de balanço hídrico, onde são detalhados os processos pelos quais a água pode passar, desde o momento que entra no sistema até a casa do consumidor. Evidente que para a elaboração dessa matriz de balanço hídrico, é necessário investir em macromedição para mapear esse “caminho” que a água percorre por toda a rede.

Segundo o mesmo estudo, no atual cenário hídrico brasileiro, uma rede sem perdas não é viável econômica e tecnicamente, pois é muito elevado o investimento para atingir essa situação. Porém, há um limite para a redução dos volumes de perdas. Em São Paulo, os índices de perdas de faturamento total e por distribuição são respectivamente 34,34% e 32,10%; no Rio de Janeiro 50,62% e 30,82%; no Rio Grande do Sul 48,85% e 37,23%; no Paraná 22,48% e 33,35% e em Santa Catarina 26,75% e 33,71%.  Já em Florianópolis, os números são 24,60% e 33,72%.

Para Guilherme Girol, um dos diretores da Sanova Inovação em Saneamento, são vários os desafios a serem enfrentados para mudanças nesse cenário. “Novas obras para melhoria e ampliação das redes atuais precisam ser executadas”, comenta Girol, destacando ainda que “o sistema de abastecimento necessita de uma visão mais sistêmica no qual não seja observada apenas a necessidade de reparar um vazamento, mas também de investir em tecnologias de monitoramento inteligente de dados aliado com ações de gestão e planejamento técnico. Dessa forma, gradativamente os índices podem ser reduzidos, gerando economia financeira, maior capacidade de investimento e, claro, sustentabilidade hídrica”.

Outro dado que impressiona é o potencial de economia gerado com base nas perdas totais dos sistemas brasileiros. “8 bilhões de reais, isto mesmo, 8 bilhões. Este recurso poderia estar sendo aplicado em melhorias, ampliações e novas obras em prol da universalização do saneamento básico no Brasil”, finaliza Guilherme.

Saneamento básico no Brasil pode reduzir até 6,8% do atraso escolar

Vídeo explicativo

Apresentando os novos requisitos e as alterações para a ISO 9001:2015 – Disponível pela Internet

Tem sido verificado em todo o mundo, nos últimos anos, um significativo aumento no interesse pelo desenvolvimento de Sistemas de Gestão “integrados”

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou, em julho de 2014, que a população brasileira atingiu 202,7 milhões de habitantes. Do total de crianças, com idade entre 7 e 14 anos, 97% estão na escola. Mas, de que forma a falta de saneamento básico no Brasil atinge diretamente o rendimento escolar, o aprendizado e a frequência escolar dessas crianças?

De acordo com dados do Instituto Trata Brasil, crianças com acesso a saneamento básico chegam a ter um aproveitamento de 20% no rendimento escolar. Um estudo do mesmo Instituto, de 2011, mostrou que 50% das internações por diarreias ocorreram em crianças com até cinco anos.

Exatamente na faixa etária quando a criança precisa ter a saúde mais preservada e, principalmente, a atividade cerebral está em desenvolvimento. Segundo vários pediatras, inclusive alguns deles embaixadores do instituto, as diarreias constantes desidratam as crianças, e com isso pode haver comprometimento da capacidade de aprendizado escolar para a vida toda.

Para o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, a falta de saneamento básico está ligada diretamente com a performance escolar da criança, uma vez que o aprendizado está totalmente conectado à saúde. “Todo cidadão tem direito a água limpa e esgoto tratado. São princípios básicos do desenvolvimento do ser humano. Quando deixamos de oferecer o saneamento básico (água e coleta e tratamento dos esgotos), as crianças são as primeiras a sentirem”, afirma Édison.

No ano passado, o Instituto apresentou outros estudos, que mostraram os benefícios da universalização do saneamento básico no país. Um capítulo inteiro, destinado a educação, apresentou que a universalização do acesso à coleta de esgoto e água tratada traria uma redução de 6,8% no atraso escolar dos alunos que vivem em regiões sem saneamento.

Para Guilherme Girol, um dos diretores da Sanova Inovação em Saneamento, são vários os desafios a serem enfrentados em várias regiões do Brasil. “Faltam políticas públicas por parte dos governantes e maior eficiência na elaboração e execução de projetos e obras, principalmente. Em relação aos projetos, é necessário que as empresas busquem ferramentas de otimização (softwares) para a elaboração dos mesmos. Estes, além de projetarem a infraestrutura necessária para atender as demandas de água e esgoto, conseguem simular condições futuras, como por exemplo, o crescimento populacional e o impacto que isso irá acarretar no projeto”.

Historicamente, as regiões do Nordeste e Norte ainda estão atrasadas no que se refere aos serviços de coleta e tratamento dos esgotos. A região Norte é a mais preocupante, onde grandes cidades não coletam e tão pouco, tratam o esgoto.

Essa realidade além de impactar no rendimento escolar, exerce impacto negativo em outras áreas como no turismo e até mesmo na valorização ambiental. O Sul é uma região que também apresenta indicadores alarmantes na coleta e tratamento de esgotos. Exceto o Paraná, que apresenta dados melhores, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ainda estão distantes do cenário ideal.

Já as regiões do Centro-Oeste e Sudeste apresentam os melhores índices, mas ainda têm desafios pela frente. Cidades aonde a universalização do saneamento já chegou, como é o caso de Limeira e Franca, ambas no estado de São Paulo, e Uberlândia em Minas Gerais, os índices de internações por doenças de veiculação hídrica são menores, a taxa de desempenho escolar é considerável e a valorização ambiental é assegurada.

É importante salientar que quando se fala em saneamento, logo costuma-se lembrar dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Mas o conceito é formado também por drenagem urbana e os resíduos sólidos, compondo assim os quatro pilares do saneamento básico.

Atualmente, o setor no país está custeando uma conta onerosa, devido à ausência do investimento que o setor deixou de receber por cerca de 30 anos, com a extinção do Plano Nacional de Saneamento Básico (Planasa), criado na década de 1970 e extinto na década seguinte. Este atraso está sendo revertido, de forma lenta, com ações voltadas principalmente para a ampliação das redes de esgotamento sanitário.

A solução para a crise hídrica mais perto do que se imagina

VÍDEO EXPLICATIVO

Contaminantes químicos e suas medidas de controle – Disponível pela Internet

Avaliar criticamente, compreender e controlar contaminantes químicos em alimentos.

Sergio Werneck Filho

A crise hídrica que afeta quase 1.000 municípios brasileiros das regiões Nordeste e Sudeste é algo histórico que, certamente, deixará grandes lições. O tema tem sido o principal foco de discussões, tanto na esfera pública como privada.

Um ponto, porém, merece atenção. Até o momento, o grande enfoque está em como suprir a demanda diante dos baixíssimos índices dos reservatórios. Alternativas para trazer água de regiões cada vez mais distantes e, claro, a discussão em torno da recuperação dos mananciais norteia grande parte das preocupações.

Porém, a solução, não apenas para esta crise, mas para todo o sistema de abastecimento de grandes centros, não está somente nas alternativas para se obter novas fontes de água. Pelo contrário. O que precisamos é nos atentar à forma com que a água retorna ao sistema. Precisamos enxergar as regiões metropolitanas como grandes sistemas de reuso.

Para abastecer a Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, são necessários 80 metros cúbicos de água bruta por segundo. Sabe-se que grande parte deste volume (cerca de 20%) se perde no caminho. Ou seja, 1 em cada 5 litros de água captada não chega às residências, indústrias, escritórios ou comércios. Esta questão já é amplamente discutida e, para ser solucionada, requer investimentos na rede atual. Assim, precisamos focar na água que chega ao consumidor.

Quando entregue, a água é utilizada para diferentes fins, desde limpeza, higiene pessoal, consumo ou processos industriais. Mesmo utilizada em todos estes processos, ela não desaparece. Estima-se que, do total de água entregue, são consumidos ou evaporados apenas 11,2 metros cúbicos por segundo (20% da água entregue). E o restante? Qual é a destinação desta água? O que fazemos com ela?

O fato é que, se não se perde, não é consumida ou evaporada, esta água retorna ao sistema, seja como efluente ou como esgoto. Este volume representa quase 65% de toda água bruta que chega ao sistema de abastecimento.

O problema é que, apesar de ser um volume significativo, a capacidade de tratamento atual não é suficiente. A estrutura hoje consegue tratar apenas 18 metros cúbicos por segundo. Pelos nossos cálculos, o total de efluentes e esgoto que chega ao sistema é de 51 metros cúbicos por segundo.

Ou seja, 33 metros cúbicos por segundo de esgoto liberados na Região Metropolitana de São Paulo não são tratados. Se considerarmos os dados mensais, os números são ainda mais expressivos. Em 30 dias, estamos falando em 85,5 bilhões de litros que poderiam retornar ao sistema tratados.

Se, ao invés de buscarmos outras alternativas para abastecer o sistema, buscássemos formas eficazes de melhorar a qualidade da água que retorna aos rios e de reduzir as perdas iniciais das águas captadas, o cenário seria bem diferente. Ao reduzir as perdas de 20% para 10%, teríamos uma economia de 7 metros cúbicos por segundo.

Se além disso fossem feitos os investimentos necessários para dobrar a capacidade de tratamento de esgoto da região e ampliação da rede coletora, teríamos mais 18 metros cúbicos por segundo de insumo para reuso. Com estas três iniciativas (menos perdas, mais coleta e mais tratamento), mesmo ainda não conseguindo tratar 100% do esgoto que retorna aos rios, conseguiríamos um volume de 44 metros cúbicos por segundo, ou 114,0 bilhões de litros por mês, equivalente aos sistemas Cantareira e Alto Tiete somados.

A resposta para a crise hídrica atual e todos os possíveis desdobramentos futuros deve privilegiar o tratamento adequado do esgoto. A água precisa retornar com qualidade semelhante a que foi retirada.

Assim, muito mais do que buscar novas fontes, o que a Região Metropolitana de São Paulo –  e tantas outras – precisam é o controle da qualidade do descarte. Se cuidarmos de como devolvemos a água para os rios, vamos sofrer bem menos com a falta de chuvas e/ou problemas nos mananciais. A solução existe e é mais viável do que muitos podem imaginar.

Sérgio Werneck Filho é CEO da Nova Opersan.

Crise hídrica: a natureza aceita apenas a verdade

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Maurício Dziedzic

A falta de água forçava as pessoas a tomar urina reciclada. Essa era uma parte impressionante do livro “Não verás país nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão, que li na adolescência. Hoje sei que o conceito não é tão esotérico e já se tornou realidade em alguns locais do planeta.

Recentemente, Bill Gates tomou água proveniente de esgoto reciclado para mostrar que isso é seguro. Melhor seria não ter que recorrer a esse tipo de solução, mas tudo indica que, como diz o tetracampeão Zagallo, “vamos ter que engolir”.

A escassez de água em São Paulo, no cerne do Brasil “desenvolvido”, finalmente traz para aqueles que não tinham sido sensibilizados pelos anos de seca em regiões mais pobres a sensação de que o problema, além de real, é grave. E a situação, ao contrário de tantas outras que assolam nosso país, não pode ser resolvida, ou escondida, pela alteração de regras, pelo desmentido, pelo “eu não sabia”, nem por medida provisória. A natureza aceita apenas a verdade – se a solução não for a correta, o problema não será resolvido, nem esquecido.

Após décadas de desmatamento, desproteção de nascentes, poluição nas mais variadas formas, impermeabilização do solo impedindo a recarga dos aquíferos e exploração desenfreada de recursos naturais, algumas regiões dão sinal de que a sociedade levou a natureza ao limite. É o caso de São Paulo.

A variabilidade natural da ocorrência de chuvas, com alternância de períodos secos e períodos úmidos, faz com que seja normal a falta de água em alguns momentos. Todavia, os reservatórios são concebidos exatamente para garantir o abastecimento quando chove menos.

O astuto leitor diria que a solução é construir reservatórios cada vez maiores, à medida em que a população aumenta. Há limite de quanta água se pode armazenar, em função da quantidade que chove em cada bacia hidrográfica. Existem, porém, outras fontes de fácil acesso que estão sendo ignoradas no país todo: os próprios sistemas de distribuição de água, pasmem.

O Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos, 2012, publicado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), mostra que as perdas médias de água tratada no Brasil são de 36,9 %. O índice no PR é de 33 %. O menor é do Distrito Federal, com 23,9 %, e o maior é do Amapá, com 71,9 %.

Levando em conta que parte dessas perdas pode não ser real, mas simplesmente água furtada do sistema por ligações irregulares, pode-se arredondar a conta. Ou seja, mais de um terço é perdido por falhas na rede. Em países desenvolvidos, o índice é próximo a 10%. Poderíamos estabelecer meta mais humilde, talvez próxima a 20 % a médio prazo. Já faria diferença.

Para isso, é necessário investir em infraestrutura e na gestão do saneamento. Não adianta culpar as concessionárias se não são dadas condições para melhorar a situação. O orçamento deveria ser maior. Há muito tempo o setor se queixa e não é ouvido. Infraestrutura é resolvida com obras – principalmente a melhoria das redes de distribuição. A gestão é resolvida com honestidade e educação.

A honestidade resolveria também outros problemas do país que, além da crise hídrica, passa por crise moral, nos transportes, na energia, entre outras. A educação idem, pois profissionais e pessoas, em geral, com melhor formação e discernimento, poderiam utilizar recursos com mais responsabilidade, conduzir melhor o país e decidir seu destino, em vez de serem conduzidas.

Maurício Dziedzic é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental (Mestrado e Doutorado) da Universidade Positivo.

A água nossa de cada dia

VÍDEO EXPLICATIVO

A Manutenção Autônoma – Disponível pela Internet

Como conscientizar e habilitar o operador a cuidar adequadamente do equipamento.

rio-tieteNo Brasil, as zonas rurais estão esvaziando enquanto que as cidades estão se tornando quase proibitivas para viver, pois, atualmente, 82% da população estão jogadas nas zonas urbanas. Com isto a poluição toma outro rumo: dos agrotóxicos à poluição por merda, lixo e urina, etc. nos rios urbanos. Para o poder político nada muda, pois saneamento básico não dá voto.

O brasileiro, em sua caminhada pelo país usando os rios como meio de locomoção, está transformando os rios em cloacas à céu aberto. Poluição, mudanças de rumo de alguns rios e o denominado progresso, aquele que é visto como forma única de enriquecimento monetário, são alguns dos itens que mais prejudicam o meio ambiente.

A cidade de São Paulo consome diariamente 250 milhões de litros de água por hora e, ao mesmo tempo, despeja, no poluído Tietê, quase 2 mil toneladas/dia de dejetos. Atualmente, São Paulo não possui recursos hídricos suficientes para suprir a população e o abastecimento é feito por recursos que vêm de fora do estado.

Minas Gerais sofre enchentes que são causadas pelo assoreamento dos rios. No Rio de Janeiro, apenas 40% dos esgotos recebem tratamento antes de serem jogados nos rios e na Baia da Guanabara.

A qualidade da água dos rios e represas brasileiros está longe do ideal. Dados do Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), do IBGE, revelam quais bacias de água doce estão em situação mais crítica. Os Índice de Qualidade da Água (IQA) mais baixos são os dos altos cursos dos rios Tietê e Iguaçu, que atravessam, respectivamente, as regiões metropolitanas de São Paulo e Curitiba.

Rio Doce, Minas Gerais (10º lugar) – Com um percurso total de 853 km, drena os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, sendo a mais importante bacia hidrográfica totalmente incluída na Região Sudeste. Sem controle ambiental, a contaminação química e urbana ameaça a saúde dos moradores das cidades às suas margens e a escassez de água nos afluentes agrava a cadeia de problemas.

Rio Paraiba do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro (9º lugar) – Formado pela confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna, o rio nasce na Serra da Bocaina, no Estado de São Paulo, fazendo um percurso total de 1.120Km, até a foz em Atafona, no Rio. Pode-se citar como fontes poluidoras mais significativas as de origem industrial, doméstica e da agropecuária, além daquela decorrente de acidentes em sua bacia.

Rio Caí, Rio Grande do Sul (8º lugar) – A bacia hidrográfica do rio Caí equivale a 1,79% da área do estado do Rio Grande do Sul e possui municípios com atividade industrial bastante desenvolvida. Destacam-se os municípios de Caxias do Sul e Farroupilha, localizados na Serra, com indústrias de alto potencial poluidor, principalmente do ramo de metalurgia e metal – mecânica.

Rio Capibaribe, Pernambuco (7º lugar) – Nasce na serra de Jacarará, no município de Poção, em Pernambuco, e banha 42 cidades pernambucanas. O rio recebe carga de resíduos de uma população estimada em 430 mil habitantes em seu entorno. O crescimento urbano desordenado foi responsável pela deterioração dos recursos ambientais que circundavam o rio, comprometendo a qualidade de vida das populações ribeirinhas.

Rio das Velhas, Minas Gerais (6º lugar) – Com nascentes na cachoeira das Andorinhas, município de Ouro Preto (MG), é o maior afluente em extensão do rio São Francisco. A presença de arsênio, cianeto e chumbo reflete a interferência do diversificado parque industrial da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Rio Gravataí, Rio Grande do Sul (5º lugar)- Separa as cidades de Canoas e Porto Alegre. São apontados como motivos para a poluição o esgoto que é jogado no rio sem tratamento, os resíduos sólidos largados por comunidades que trabalham com reciclagem e criam porcos e a poluição gerada por empresas, notadamente de adubo e areia.

Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul (4º lugar) – Repleto de curvas, o rio nasce nos morros do município de Caraá e percorre um percurso de cerca de 190 km, desembocando no delta do Jacuí. A alta carga poluente é proveniente de esgotos e indústrias, o que, além de provocar a mortandade de milhares de peixes, causa a proliferação de mosquitos.

Rio Ipojuca, Pernambuco (3º lugar) – Corta vários municípios de Pernambuco, inclusive nomeando um. O Ipojuca nasce em Arcoverde, no Sertão, e deságua em Suape, ao Sul do Grande Recife. O lixo e o esgoto, que são despejados no rio acabam aumentando os riscos de contaminação de doenças como leptospirose, casos de hepatite A e diarreia.

Rio Iguaçu, Paraná (2º lugar) – Segundo rio mais poluído do país, ele é o maior do estado do Paraná e faz divisa natural com Santa Catarina. Segundo biólogos, dois fatores podem explicar o elevado nível de poluição: passivo ambiental, presente há algumas décadas, com falta de investimento no saneamento ambiental, e o alto número de habitantes em volta do rio.

Rio Tietê, São Paulo (1º lugar) – Com 1.010 km², nasce em Salesópolis, na serra do Mar, e atravessa o estado de São Paulo, banhando 62 municípios. Ocupa o topo do ranking por receber o esgoto doméstico e industrial no trecho da capital – menos da metade dos moradores da bacia do Alto Tietê têm esgoto tratado. A mancha de poluição do rio que, na década de 1990, chegou a cem quilômetros, tem se reduzido gradualmente no decorrer das obras do projeto Tietê.

E o saneamento básico, como fica? Um estudo do Instituto Trata Brasil e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável revelou que a parcela da população brasileira com acesso à coleta de esgoto passou de 40,6% para 48,7% entre 2009 e 2013. Nesse período, a população com acesso ao saneamento cresceu de 78,6 milhões de pessoas para 97,9 milhões de pessoas (aumento de 24,6%). A despeito dos avanços, o número de moradias sem acesso ainda é enorme e o desafio da universalização é cada vez maior.

Os resultados apontam para números alarmantes. No Brasil, ainda ocorrem cerca de 340 mil internações por doenças infecciosas associadas à falta de saneamento, com mais de 2 mil mortes (dados de 2013). O desdobramento econômico é imediato: além do gasto com a saúde, o trabalhador que adoece se afasta do trabalho, comprometendo sua produtividade.

As análises estatísticas realizadas evidenciaram que o acesso à rede geral de coleta de esgoto e à água tratada pode elevar a renda de um trabalhador em mais de 14%. No caso de crianças e adolescentes, a doença causa o afastamento da escola, com efeito expressivo sobre seu desempenho escolar.

Além desses fatos, o estudo identificou um efeito expressivo da falta de saneamento sobre as atividades econômicas que dependem de boas condições ambientais para seu exercício pleno. Do ponto de vista do mercado imobiliário, foi identificado que o acesso à rede geral de coleta de esgoto e à água tratada pode elevar o valor de um imóvel em até 16,7%.

No caso do turismo, uma das atividades para as quais a degradação ambiental é mais prejudicial, o estudo mostrou que o acesso ao saneamento tem impactos elevados, com ampliação das oportunidades de trabalho e da renda de empregados e empresários de hotéis, restaurantes, bares, etc. Em termos internacionais, o Brasil está muito atrasado na área de saneamento. Tanto a água tratada quanto a coleta e tratamento de esgoto estão muito distantes do acesso universal.

Isso implica prejuízos à qualidade de vida e à economia. E como a situação brasileira é particularmente mais grave no que diz respeito ao acesso à rede geral de coleta de esgoto, o impacto ambiental também é excessivamente elevado, o que deprime o valor dos ativos imobiliários e o potencial econômico de atividades que dependem de boas condições ambientais para o seu exercício pleno.

Os dados comparativos internacionais mais recentes colocam o Brasil na 112º posição num ranking dos 200 países. Essa colocação é, sem sombra de dúvidas, vergonhosa para a nação que é a 7ª maior economia do mundo.

O atraso relativo do Brasil na área de saneamento tem uma origem histórica distante. Há 50 anos apenas uma em cada três moradias estava ligada à rede geral de coleta de esgoto ou à rede fluvial.

Isso significa dizer que apenas 1/3 da população tinha o esgoto afastado de seu local de residência. No que respeita ao tratamento a situação era muito pior: do esgoto coletado, sequer 5% recebia algum tratamento antes do despejo no meio ambiente.

Enfim, em 2013, segundo informações do DataSus, foram notificadas mais de 340 mil internações por infecções gastrintestinais em todo o país. Cerca de 173 mil foram classificados pelos médicos como “diarreia e gastrenterite origem infecciosa presumível”, pouco mais de 4,6 mil casos como “amebíase, shiguelose ou cólera” e 162,7 mil, como “outras doenças infecciosas intestinais”. Metade desse total, ou seja, 170,7 mil internações, envolveu crianças e jovens até 14 anos, um grupo etário em que esse tipo de doença é particularmente perigoso.

O número de notificações é o menor dos últimos anos, indicando avanços no combate às doenças intestinais infecciosas. Foram quase 125 mil casos a menos do que o verificado em 2009, ano de referência da publicação anterior do Instituto Trata Brasil sobre o tema. Entre 2009 e 2013, o saneamento brasileiro apresentou avanços: estima-se que 19,3 milhões de pessoas passaram a ter acesso à rede geral de coleta de esgoto, elevando de 40,6% para 48,7% a parcela da população coberta pelo sistema.

Contudo, o volume de internações ainda é grande, assim como é pequena a parcela da população com acesso ao sistema de coleta. O que chama mais a atenção é o fato de que a maior parte dessas internações ocorreu justamente nas áreas com menor acesso ao esgotamento sanitário: Norte e Nordeste. No Norte do país, foram registradas 16,8% das internações, uma participação extremamente elevada considerando que apenas 8,5% dos brasileiros habita na região.

A taxa de incidência é de 3,37 casos por mil habitantes no ano, um valor duas vezes o da média nacional e seis vezes a incidência na região Sudeste. Vale destacar que no Norte está o déficit relativo de saneamento mais intenso do país: 93,2% das pessoas não tinham esgoto coletado em 2011 segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento(SNIS).

As vantagens da água de reuso

Sergio Werneck Filho

A economia e o reaproveitamento da água são preocupações crescentes entre a população. Em São Paulo, medidas de racionamento de água adotadas nos últimos meses mostraram que o uso irracional dos recursos hídricos já atinge índices que comprometem o abastecimento e precisa de soluções eficazes no longo prazo.

Com essa crise hídrica, o tratamento e o descarte responsável de efluentes no Brasil é muito mais que uma necessidade operacional. Trata-se de uma obrigação socioambiental. A Resolução Conama 430, que é uma legislação federal, determina que todos os efluentes gerados por um empreendimento devem respeitar às normas ambientais de descarte. Há ainda as normas estaduais, poderia ser ainda mais restritivas. Em São Paulo, por exemplo, é preciso respeitar o decreto número 8.468, de 1976.

Uma medida que começa a ganhar adeptos no meio corporativo por ser ecologicamente correta é o reuso de água. Em alguns empreendimentos, como centros comerciais, condomínios residenciais, universidades e indústria, a prática, aos poucos, começa a se tornar uma forte tendência. A grande vantagem da utilização da água de reuso é a preservação da água potável, que será usada somente para atendimento de necessidades que exigem a sua potabilidade, como para consumo humano.

Outras vantagens vão desde proteção dos mananciais, diminuição da demanda por água, menos poluição do ambiente com produtos químicos, até a redução dos gastos com a compra de água, além da redução do volume de esgoto descartado e a redução dos custos com água e esgoto. No caso da indústria, por exemplo, a água utilizada para geração de vapor, uma utilidade fundamental em algumas linhas de produção, não precisa ser uma água nobre.

Nestes casos, o reuso é um processo que otimiza custos e tem impacto positivo direto sobre meio ambiente e, consequentemente, para a sociedade, já que a água é um recurso que, cada vez mais, tende a se tornar escasso. Além da utilização para geração de vapor, a água de reuso em plantas industriais pode ser direcionada para outros procedimentos comuns e praticamente diários que não requerem potabilidade, como em banheiros (em mictórios e bacias sanitárias), paisagismo, lavagem de pátios, frotas e peças.

A tecnologia para tratamento é definida a partir da qualidade do efluente a ser tratado e da qualidade necessária para reuso. Quando precisa de uma água de menor qualidade e o efluente é de baixa carga, o processo pode envolver apenas filtragem e cloração. Em processo mais nobres, há modelos mais sofisticados e várias tecnologias altamente difundidas.

Com o aumento da consciência sobre a escassez dos recursos hídricos, a utilização de água de reúso começou a ser percebida como produto. Além de ser ecologicamente correto, ajuda algumas companhias a serem reconhecidas pela sustentabilidade de suas instalações.

O conceito de Green Building e a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), desde 2007, mostram a disseminação e a fomentação destas práticas. Ser sustentável não envolve apenas o processo de construção, mas também a operação das instalações de tratamento. E a otimização dos recursos naturais, entre eles os hídricos, é uma das premissas mais importantes para poder, de fato, ser considerado um empreendimento sustentável.

O fato é que, com reuso, deixamos de usar água nobre para fins não potáveis.Em outras palavras, a solução para a escassez de água existe e pode tornar a operação muito mais sustentável.

Sérgio Werneck Filho é CEO da Nova Opersan.

Homenagem

O engenheiro Ozireoziress Silva, acadêmico da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ), criador da Embraer, ex-ministro da Infraestrutura, ex-presidente da Varig, ex-presidente da Petrobrás, além de numerosas outras atividades exercidas, foi homenageado no dia 08 de outubro de 2014, em cerimônia realizada no Esporte Clube Sírio, pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, com o Prêmio Personalidade de Visão Global 2013, como reconhecimento de sua grandiosa contribuição para o progresso empresarial do Brasil.

A saúde e a limpeza andam juntas com o desenvolvimento

 Cursos: Capacitação e Formação na NR 10
A Target disponibiliza três cursos para essa área: Segurança em Instalações e Serviços…

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O mundo mudou muito nos últimos séculos e a evolução trouxe efeitos positivos e negativos para as pessoas. A tecnologia à serviço da limpeza de áreas urbanas é um dos meios de melhorar a qualidade de vida e proteger a saúde humana

Antonio Luis Francisco (PJ)

A humanidade evoluiu nos últimos séculos e o desenvolvimento trouxe inúmeros benefícios à sociedade, provocando, em muitos casos, verdadeiras revoluções. Saúde, conhecimento, ciências, artes, alimentação, diversão, educação, comunicação, transporte, enfim, todas as áreas que afetam o dia a dia das pessoas passaram, e ainda passam, por grandes transformações, de forma muito rápida.

Nesse processo, a tecnologia veio como um dos principais meios de transformação, da Revolução Industrial aos tempos de comunicação on-line. A vida que, hoje, experimentamos oferece conforto e facilidades, mas também efeitos danosos ao meio ambiente, às cidades e às pessoas, a exemplo da poluição, do excesso de resíduos e dejetos incorretamente descartados, que ameaçam a qualidade de vida tão duramente conquistada e a saúde da população.

Não é privilégio das grandes cidades enfrentar o desafio de combater os males causados por toneladas de partículas tóxicas lançadas no ar, bem como pela grande quantidade de lixo gerada diariamente que, infelizmente, é despejada nas ruas, rios, redes de esgoto, etc., com custos altíssimos para a administração pública e privada, no que se refere aos serviços de limpeza urbana e ao atendimento na área da saúde. A limpeza urbana é prioritária para o bem-estar da população. A saúde das pessoas está diretamente ligada aos níveis de saneamento e à qualidade dos serviços prestados nessa área. Sujeira e lixo atraem pragas, nocivas à saúde humana. Por outro lado, ambientes limpos permitem a melhora das condições sanitárias e do conforto geral, elevando o valor da vida humana.

A prevenção, no entanto, é ainda a melhor opção para evitar enfermidades. A utilização de diferentes métodos para a limpeza urbana existe e é possível torná-las mais eficientes, com produtos biodegradáveis e uso de equipamentos que usam menor quantidade de recursos hídricos, potencializando seus benefícios em favor do meio ambiente e, consequentemente, das pessoas.

A tecnologia apresenta atualmente soluções que promovem a remoção de sujeiras geradas em áreas urbanas, tornando os ambientes e o cotidiano melhor e com mais asseio. Já existem equipamentos que funcionam, por exemplo, com água de reúso. São máquinas que vêm tomando espaço no mercado, por oferecem vantagens qualitativas e quantitativas.

Quanto se trata de saúde, não há dúvidas de que a prevenção é a melhor opção. Seja em ações educativas – para evitar a geração desnecessária e o descarte incorreto de lixo em locais públicos-, seja na limpeza urbana, evitando a proliferação de pragas e ambientes inóspitos que provocam diversos males às pessoas, o uso da tecnologia pode e deve ocorrer em favor do que realmente importa: a manutenção da vida.

Estes são desafios inerentes ao mundo contemporâneo e a realidade mostra que a limpeza de casa é tão importante quanto de qualquer ambiente, inclusive das vias públicas. Esta deve ser uma preocupação constante de autoridades e da população, pois só desta forma elevaremos os níveis de qualidade de vida, em pequenas ou grandes cidades.

Antonio Luis Francisco (PJ) é diretor geral da JactoClean.

Saneamento básico nas 100 maiores cidades brasileiras

Curso: Inspetor de Conformidade das Instalações Elétricas de Baixa Tensão de acordo com a NBR 5410
Publicada em 27/08/2014

O objetivo principal desse treinamento é a atualização tecnológica de seus participantes,…

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Estudo mostra que, seis anos após promulgada a lei do saneamento, ainda há grandes desafios para o planejamento e regulação dos serviços de saneamento

Após um longo período de baixos investimentos em esgotamento sanitário, o Brasil acumulou um déficit histórico na mais básica das infraestruturas. Hoje, mais de 36 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável, menos da metade dos brasileiros possuem acesso à coleta de esgotos e somente 38% dos esgotos do país são tratados. Isso gerou, em 2011, cerca de 400 mil internações por diarreia por todo o país (estudo lançado pelo Instituto Trata Brasil em 2013), sendo 53% desses casos em crianças de 0 a 5 anos, além de enorme poluição ambiental aos rios urbanos em grandes cidades e mesmo em belíssimos cartões postais, como a Baia da Guanabara).

Outra pesquisa recém divulgada pelo Trata Brasil mostrou que o país desperdiça bilhões de reais em saúde pública, implicando em redução de produtividade dos trabalhadores, piora do aprendizado escolar com as faltas na escola, perda de oportunidade de gerar milhares de postos de trabalho e renda em turismo, entre muitos outros problemas. Em 2007, após 20 anos de debates no Congresso, foi sancionada a Lei n. 11.445 que trouxe novas diretrizes nacionais e definiu o planejamento dos serviços como instrumento fundamental para se alcançar o acesso universal aos serviços de saneamento básico. A partir da Lei, todos os municípios devem formular as suas políticas públicas visando à universalização, sendo o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) o instrumento de definição de estratégias e diretrizes.

Segundo a Lei, são componentes do saneamento básico o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, os quais devem ser objeto do PMSB. O Decreto n. 7.217/2010, que regulamentou a Lei n. 11.445/2007, prorrogou o prazo de entrega dos PMSB´s de 2010 para dezembro de 2013 ao estabelecer que a partir do exercício financeiro de 2014 a existência do plano seria condição para o acesso a recursos orçamentários da União (§2º, art. 26). Este prazo, porém, foi novamente prorrogado para o exercício financeiro de 2016 (Decreto Federal n. 8.211 de 21/03/14), passando valer a data final de entrega dos planos para 31 de dezembro de 2015. O Decreto vinculou ainda o acesso a recursos da União à existência de organismos de controle social até dezembro de 2014.

Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, comenta: “O ruim da nova prorrogação é que ela não criou nenhum incentivo para aqueles Municípios que se empenharam em cumprir o prazo anterior nem punições aos que pouco fizeram, mesmo após 6 anos de vigor da Lei. Os planos não entregues prejudicam ainda mais a agilidade e o planejamento do saneamento básico nas cidades, que precisam atrelar os avanços às regras de ocupação do solo, expansão imobiliária e a proteção das áreas preservadas.”

O Instituto Trata Brasil, visando a mobilização da sociedade e a melhoria da gestão do saneamento, apresenta esse estudo que tem como objetivo analisar o desenvolvimento dos PMSB´s nos 100 maiores municípios (Figura 1). O estudo foi realizado em parceria com a Pezco Microanalysis, sob coordenação do pesquisador Alceu Galvão, especialista em saneamento básico; e contou com a colaboração da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (AESBE), que contribuiu com informações para a pesquisa.

CLIQUE NAS FIGURAS PARA UMA MELHOR VISUALIZAÇÃO

Quantidade de Municípios por unidade da Federação

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O Quadro 1 apresenta a população dos 100 maiores municípios em relação à população brasileira. No conjunto, estes representam 40% da população do país.

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Pode-se destacar que 34% das maiores cidades não entregaram o PMSB, apesar de terem recursos financeiros, corpo técnico, estruturas políticas e conhecimento da Lei.  Salta aos olhos o fato de que municípios deste porte não tenham seus Planos, seis anos depois de sancionada a Lei do Saneamento.

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Vale destacar algumas coisas. Apesar de a Lei 11.445 ser clara quanto à necessidade dos PMSB´s contemplarem os quatro serviços, ou seja, o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, apenas 34 municípios apresentaram o PMSB na sua abrangência completa. 15 cidades fizeram planos contendo apenas abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Dentre os planos elaborados cujos componentes foram possíveis de identificar (63 planos), o esgotamento sanitário foi o mais contemplado (58 planos = 92,1%), seguido pelo abastecimento de água (87,3% = 55 planos). Já o manejo de resíduos sólidos foi contemplado em 69,8% dos planos (44 planos), enquanto a drenagem urbana foi encontrada em apenas 55,6% (35 planos).

Situação dos PMSB contendo ao menos o esgotamento sanitário.

A pesquisa identificou que há municípios que não entregaram os Planos com os requisitos que a Lei obriga, o que pode virar motivo de contestação pelo Ministério Público e Tribunais de Contas, notadamente àqueles sujeitos a serviços contratados. A Lei 11445 também contemplou como fundamental a participação social na elaboração dos PMSBs, haja vista ser a sociedade a principal beneficiada por este instrumento de planejamento. Diante do exposto, o estudo investigou o nível de participação da sociedade no processo de elaboração do Plano de Saneamento Básico por meio da identificação dos tipos de mecanismos de participação social utilizados.

Tipos de mecanismos de participação e controle social (amostra de 58 municípios)

  • 58 municípios que tinham PMSB com pelo menos, esgotamento sanitário.

Cerca de 2/3 do universo das 58 cidades onde ao menos o esgotamento sanitário foi considerado no plano contemplou alguma forma de controle social. A resposta definitiva, no entanto, fica prejudicada pelos 34,5% de cidades que não responderam. O estudo buscou apenas quantificar, portanto, não permite identificar o real nível de participação da sociedade nesse processo.

Quanto à gestão do Plano, dos 58 municípios com planos elaborados com pelo menos o esgotamento sanitário, apenas 26 responderam acerca da estrutura que dispõem para administrar o plano. 22 das 26 cidades terão estrutura exclusiva para administração dos planos. Alceu Galvão, coordenador da pesquisa, comenta: “É grave o fato de 32 dos 58 municípios com planos ao menos para esgotos não terem respondido se possuem ou não estrutura para administrá-los. Sem estrutura específica os planos podem virar “instrumentos de prateleira”, além disso, a maioria destes planos está sendo aprovada por leis municipais e o não cumprimento das metas pode ser contestado pelos Tribunais de Contas e Ministério Público”. Vale ressaltar que a função de Planejamento é o único papel indelegável do Prefeito, que é o titular dos serviços públicos de saneamento; diferente das responsabilidades sobre a prestação, a fiscalização e a regulação dos serviços, que podem ser delegadas (Lei 11.445/2007, art. 8º).

A transparência é um dos princípios da Lei n. 11.445/2007 e a disponibilização dos planos na internet devem ser obrigatórias para que a sociedade possa acompanhar o atendimento das metas de universalização. Dos 58 planos elaborados contemplando ao menos os esgotos, 39 tinham endereços eletrônicos, onde os planos podem ser consultados.

Dos 100 municípios analisados, independentemente de ter ou não plano, 56 dispõem de Agência Reguladora. O dado preocupante é que 44 grandes cidades ainda não têm seus serviços de saneamento básico regulados, o que transmite insegurança em relação à gestão do saneamento. É fundamental a estruturação das agências reguladoras, pois são elas que verificam o cumprimento dos planos por parte dos prestadores de serviços. É papel exclusivo destas entidades. Frederico Turolla, da Pezco Microanalysis, comenta: “A regulação  é o principal estímulo à eficiência na prestação dos serviços de saneamento e sua ausência em vários municípios indica que há baixa preocupação com a melhoria efetiva desses serviços.”

Das respostas conseguidas após várias tentativas, o estudo apurou também quantos dos 100 maiores municípios estão cumprindo todos os requisitos previstos na Lei n. 11.445/2007 para a formulação dos PMSB e Regulação, ou seja: constar todos os componentes do saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente) – III, art. 2º; possuir como conteúdo mínimo o diagnóstico, objetivos e metas, ações de emergência e contingência – I a V, art. 19; conter viabilidade econômico-financeira do Plano (II, art. 11); haver participação social na elaboração (§ 5º, art. 19); e ter Regulação (parágrafo único, art. 20).

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Há ainda três municípios que atendem aos requisitos, exceto ter agência reguladora, como nos casos de Santo André, Cascavel e Pelotas. Significa que os serviços destes municípios precisam ter suas agências reguladoras para que possam estar integralmente aderentes ao marco regulatório setorial.

Alceu Galvão diz que “A regulação é essencial, independe se o serviço for contratado (companhias estaduais ou privadas) ou se prestado direta ou indiretamente pelo próprio município. Ela dá segurança para os investimentos das empresas, para o usuário e para o próprio acompanhamento da execução do Plano”. Pelas respostas conseguidas, apenas 12 dos 100 maiores municípios do país atendem integralmente a Lei n. 11.445/2007 no que se refere à formulação dos Planos e Regulação.

Com base no estudo realizado, é possível identificar que a Lei 11445/2007, das Diretrizes Nacionais do Saneamento Básico, promoveu avanços importantes no setor, assim como mostrou que ainda há grandes desafios para sua efetividade, mesmo entre os 100 maiores municípios brasileiros. É positivo o fato de 66 municípios terem feito discussões locais considerando a Lei do saneamento, bem como terem apresentado algum plano para avaliação. Considerando, no entanto, a relevância que a Lei atribui ao Plano Municipal de Saneamento Básico como instrumento para universalização dos serviços, é muito preocupante, seis anos após sancionada a Lei, temos ainda 34 grandes cidades sem planos.

A Lei deixa claro que todos os quatro serviços do saneamento básico devem fazer parte dos planos, mas somente 34 cidades cumpriram esse requisito formal. Se se considerar, no entanto, todos os requisitos da Lei necessários para a formulação dos planos e para a regulação dos serviços, as respostas permitiram concluir que houve o cumprimento total em apenas 12 municípios.

Fica evidente a insuficiência de vários mecanismos institucionais importantes em muitos dos 100 maiores municípios, tais como a presença de regulação independente, o controle social dos serviços, a compatibilização dos planos com os estudos de viabilidade que lhes dão suporte, a construção de um sistema de informações em saneamento, entre outros. O estudo permite concluir que, nestas condições, muitos planos podem ser questionados judicialmente e/ou perderem a capacidade de ser o real instrumento de planejamento para a boa universalização dos serviços.

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Mais informações: http://www.resag.org.br/congressoresagenqualab2014/index.php

Rios despoluídos seriam alternativa para o abastecimento

CURSO 5 S PELA INTERNET

PALESTRANTE: • Haroldo Ribeiro

5S A Base para a Qualidade Total – Disponível pela Internet – Ministrado em 27/09/2013

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Auditorias de 5S – Disponível pela Internet – Ministrado em 03/10/2013

Conheça o método eficaz para fazer auditorias de 5S em sua empresa.

Curso Básico de 5S – Disponível pela Internet – Ministrado em 27/09/2013

Conheça o método para a mudança Cultural em uma empresa.

O Comitê responsável pelas bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari autorizou a captação para consumo das águas do rio Jundiaí, classificado, anteriormente, pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) como altamente poluído. O trecho de 22 km de onde serão captadas as águas fica entre as cidades de Itupeva e Indaiatuba, no interior de São Paulo.

Recentemente, o rio foi reclassificado para nível 3 de poluição, condição que viabiliza sua utilização para abastecimento após tratamento avançado. A melhora da qualidade da água ao longo da bacia, principalmente no trecho entre Itupeva e Jundiaí se deu graças aos investimentos em despoluição realizados nos últimos 20 anos.

O doutor em engenharia de recursos hídricos Marco Antonio Palermo enfatiza a importância do investimento em despoluição de rios e lagos ao observar a reclassificação do trecho do rio Jundiaí da classe 3 para a 4 no que se refere ao nível de poluição. “Uma vez despoluídos, os corpos d´água podem se prestar para o abastecimento público, dentre outros usos. Passa a ser possível empregar quantidades importantes de água antes impróprias e inaproveitáveis”.

Marco Palermo avalia que os investimentos em despoluição que melhoraram a qualidade da água do rio Jundiaí entre as cidades de Itupeva e Jundiaí deveria ser modelo a ser seguido por São Paulo, além de uma alternativa a mais para o abastecimento que passa pela sua pior crise. “Imaginem se os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí estivessem despoluídos, certamente não seria necessário ir buscar tanta água tão longe e nem  recorrer a medidas extremas como utilizar o volume morto dos reservatórios para abastecer as cidades do Alto Tietê”, conclui.