Círculos de Controle da Qualidade (CCQs)

Quando se quer implementar um processo participativo ou trabalho em equipe em qualquer organização, é necessário haver uma harmonização entre os departamentos, ou seja, não pode haver conflitos entre a produção, vendas, comercialização, recursos humanos, etc. Igualmente, deve-se analisar os comportamentos gerenciais, pois os gerentes são os principais mobilizadores das pessoas para o processo participativo.

Uma das ferramentas que aprecio e acompanho há muito tempo são os Círculos de Controle da Qualidade (CCQ’s) que foram difundidos nas empresas brasileiras por meio dos programas de gestão pela qualidade total como alternativas de gestão participativa e de melhoria contínua. Eles são a extensão da prática do controle da qualidade ao nível de operadores. Por meio dos grupos de CCQ, é possível aos operadores exercerem o controle, propondo alterações nos procedimentos operacionais por meio do método de solução de problemas.

Normalmente, a participação dos CCQ’s inicia-se na resolução de pequenos problemas da área de trabalho utilizando o ciclo PDCA e, com o tempo, depois que as pessoas ganham experiências nas atividades dos círculos, os problemas resolvidos podem ser aqueles advindos da alta direção ou da própria unidade gerencial. Quanto ao ciclo PDCA (já falei sobre isso aqui), é a seqüência de atividades que são percorridas de maneira cíclica para melhorar atividades.

Deve-se dizer que o crescimento se dá de forma organizada, no qual os grupos se estruturam, elegem um líder e definem compromissos conjuntos. Com disciplina e o uso do método, os níveis potenciais de uns vão compensando os carentes de outros. A história de crescimento da equipe é construída a partir da conjugação dos pontos fortes e fraquezas que existem de forma diferenciada em seus próprios membros.

No CCQ cada um chega de um jeito e você não pode escolher o participante e nem tentar moldá-lo. O mais hábil vai ajudando a potencializar os menos hábeis e o resultado final deve ser de harmonia. Mas isto não ocorre por acaso. É através de um método conduzido por quem conhece bem os seus objetivos. O CCQ não restringe e não seleciona. Toda pessoa que entra para um grupo deve ser respeitada em seu jeito de ser, seu ritmo.

O grupo deve respeitar a natureza humana, para que o individuo não seja massificado e condenado à alienação e depressão. O trabalho conjunto e a convivência vão proporcionar um aprendizado muito profundo sobre cada um e sobre o outro, por esta razão não se pode tratar o CCQ como um mero exercício de uso de ferramentas. Aos poucos a pessoa vai expandindo sua capacidade de ver, sentir, ouvir, propor, interagir, implantar e tirar lições do trabalho. É esse respeito pela pessoa que desperta na mesma à vontade e a faz descobrir os motivos (motivação) para liberar sua força criativa.

Premissas fundamentais: as pessoas que executam as tarefas são as mais indicadas para melhorar os seus processos; todos desejam melhorar e crescer com profissionais e seres humanos.

Objetivos: garantir a qualidade e/ou reduzir custos e/ou aumentar a produtividade de produtos e/ou processos; também da melhoria de sua área de trabalho (ambiente, iluminação, segurança).

Grupos: formação de pequenos grupos de funcionários, 5 a 12 em cada grupo; funcionários da mesma área ou não; idealmente os grupos são formados espontaneamente.

Grupos: integrado por líder, secretário, coordenador e membros.

Processo de trabalho: reuniões estruturadas, com agenda, local adequado, informações prévias; uso das ferramentas da qualidade (brainstorming, checklist, histograma, diagrama de Pareto, espinha de peixe).

Enfim, os círculos proporcionam uma mudança nas relações com a gerência imediata e um maior conhecimento dos problemas do ambiente de trabalho, porém não proporcionam mudanças na hierarquia existentes nos locais de trabalho.

O que é o CCQ? É um pequeno grupo de funcionários que voluntariamente se une para conduzir atividades de controle de qualidade dentro da mesma área de trabalho. A motivação básica do CCQ é a participação. Os propósitos fundamentais do CCQ são:

  • Contribuir para a melhoria e desenvolvimento da empresa.
  • Respeitar a natureza humana, construir um local de trabalho alegre e brilhante no qual valha a pena viver.
  • Desenvolver as possibilidades infinitas da capacidade mental humana e permitir a sua aplicação.

Um CCQ pode ter quantas pessoas? O ideal é que cada CCQ tenha no mínimo três e no máximo sete funcionários. Todas as decisões dos Círculos são tomadas em conjunto, através de consenso.

Melhorias promovidas pelos CCQ

1- Para os funcionários: promovem a autoconfiança e autorrealização de todos, criam a oportunidade da participação nos processos decisórios da empresa, melhoram a qualidade de vida no trabalho, estimulam a busca das atividades em equipe, trazem o sentimento de responsabilidade e oportunidade de demonstrar todo o seu potencial.

2- Para a empresa: melhoram a qualidade dos processos, reduzem os custos, promovem um melhor uso do potencial dos seus funcionários, ampliam a consciência sobre qualidade, e aumentam o nível de satisfação das pessoas, com uma maior integração entre os colaboradores.

3- Para a sociedade: melhoram o nível de satisfação de todos, desenvolvem uma mentalidade voltada para a busca da qualidade, desenvolvem o senso de cidadania.

Quer um livro sobre Total Quality Control (TQC). De autoria de Vicente Falconi Campos, a maneira como o material está disposto foi produto de muitos anos de trabalho junto a várias empresas brasileiras, orientado e acompanhado por Ichiro Miyauchi, da JUSE. Pelos resultados surpreendentes já conseguidos por várias empresas brasileiras, como decorrência da implantação do TQC japonês, este livro será certamente um guia simples e seguro para a sobrevivência das empresas à competição internacional. Para comprar http://www.qualistore.com.br/produto.asp?codigo=252

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ISO 10006: as diretrizes para a gestão da qualidade em empreendimentos

A respeito do texto sobre o Prince 2, um leitor me questionou se existe uma norma brasileira para o gerenciamento de projetos. Sim, existe a ISO 10006:2003, Quality management; Guidelines to quality in project management, que é um padrão internacional específico para gerência de projetos. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou esta norma em 2006, sendo denominada ABNT NBR ISO 10006:2006 – Sistemas de gestão da qualidade – Diretrizes para a gestão da qualidade em empreendimentos. É um aplicativo de projetos de complexidades variadas, pequeno ou grande, de curto para longa duração, em diferentes ambientes, e respectivo tipo de produto ou processo envolvido. Este necessitará de alguma emenda para direcionar e servir um projeto particular.

A norma ISO 10006 define como os princípios e práticas de gestão da qualidade relacionam-se com gerenciamento de projetos. Ela fornece diretrizes sobre as questões de qualidade que impactam os projetos. Aplicam-se a projetos gerenciados complexidades, portes e tamanhos. As diretrizes podem ser aplicadas a projetos gerenciados por um indivíduo ou por uma equipe ou para um programa (grande projeto composto de projetos menores, mas inter-relacionados) ou para uma carteira de projetos

O item 5.2. Objetivo da Norma diz que considerando que a ISO 10006 é um documento de diretrizes, ela não deve ser usada para fins de certificação ou registro. Seu objetivo geral é criar e manter a qualidade em projetos através de um processo sistemático que garanta que:

  • As necessidades explícitas e implícitas dos clientes sejam entendidas e atingidas;
  • As necessidades das partes interessadas sejam entendidas e avaliadas;
  • As políticas de qualidade da organização sejam incorporadas no gerenciamento de projetos.

O item 5.3. Descrição dos Processos de Gerenciamento de Projetos aborda:

Processo Estratégico

1.1 Processo Estratégico: Define a direção do Projeto e gerencia a realização de outros processos do Projeto.

Processos de Gerenciamento de interdependências

2.1 Iniciação do Projeto e desenvolvimento do plano de Projeto: Avaliação dos requisitos dos clientes e outras partes interessadas, preparando um plano do Projeto e iniciando outros processos. 2.2 Gerenciamento das interações: Gerenciamento das interações entre os processos durante o Projeto. 2.3 Gerenciamento das mudanças: Antecipação a mudanças e gerenciamento destas ao longo de todos os processos. 2.4 Encerramento: Conclusão dos processos e obtenção de retroalimentação (feedback).

Processos Relacionados ao Escopo

3.1 Desenvolvimento conceitual: Definição das linhas gerais sobre o que o produto do Projeto irá fazer. 3.2 Desenvolvimento e controle do escopo: Documentação das características do produto do Projeto em termos mensuráveis e controle dos mesmos. 3.3 Definição das atividades: Identificação e documentação das atividades e etapas necessárias para se alcançarem os objetivos do Projeto. 3.4 Controle das atividades: Controle do trabalho efetivo realizado no Projeto.

Processos Relacionados ao Tempo

4.1 Planejamento de dependência das atividades: Identificação das inter-relações, interações lógicas e dependências entre as atividades do Projeto. 4.2 Estimativa de duração: Estimativa da duração de cada atividade em conexão com atividades específicas e com os recursos necessários 4.3 Desenvolvimento do cronograma: Inter-relação dos objetivos de prazo do Projeto, para confirmação do cronograma proposto ou para realizar as ações apropriadas para recuperar atrasos. 4.4 Controle do cronograma: Controle da realização das atividades do Projeto, para confirmação do cronograma proposto ou para realizar as ações apropriadas para gerar atrasos.

Processos Relacionados ao Custo

5.1 Estimativa de custos: Desenvolvimento de uma estimativa de custos para o projeto. 5.2 Orçamento: Utilização de resultados provenientes da estimativa de custos para elaboração do orçamento do Projeto. 5.3 Controle de custos: Controle de custos e desvios ao orçamento do Projeto.

Processos Relacionados aos Recursos

6.1 Planejamento de recursos: Identificação, estimativa, cronograma e alocação de todos os recursos principais. 6.2 Controle dos recursos: Comparação da utilização real e planejada de recursos, corrigindo se necessário.

Processos Relacionados ao Pessoal

7.1 Definição de estrutura organizacional: Definição de uma estrutura organizacional para o Projeto, baseada no atendimento às necessidades de projetos, incluindo a identificação das funções e definindo autoridades e responsabilidades 7.2 Alocação de equipe: Seleção e nomeação de pessoal suficiente com a competência apropriada para atender às necessidades do Projeto. 7.3 Desenvolvimento da equipe: Desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas para aperfeiçoar o desempenho do Projeto.

Processos Relacionados à Comunicação

8.1 Planejamento da comunicação: Planejamento dos sistemas de informação e comunicação do Projeto. 8.2 Gerenciamento das informações: Tornar disponíveis as informações necessárias da organização do Projeto aos membros e outras partes interessadas. 8.3 Controle da comunicação: Controle da comunicação de acordo com o sistema de comunicação planejado.

Processos Relacionados ao Risco

9.1 Identificação de riscos: Determinação de riscos do Projeto. 9.2 Avaliação de riscos: Avaliação da probabilidade de ocorrência de eventos de risco e impacto destes sobre o Projeto. 9.3 Desenvolvimento de reação ao risco: Desenvolvimento de planos para reação ao risco. 9.4 Controle de riscos: Implementação e atualização dos planos de risco.

Processos Relacionados aos Suprimentos

10.1 Planejamento e controle de suprimentos: Identificação e controle do que deve ser adquirido e quando. 10.2 Documentação dos requisitos: Compilação das condições comerciais e requisitos técnicos. 10.3 Avaliação dos fornecedores: Avaliação e determinação de quais fornecedores devem ser convidados a fornecer produtos. 10.4 Subcontratação: Publicação dos convites à proposta, avaliação das propostas, negociação, preparação e assinatura de contrato. 10.5 Controle de contrato: Garantia de que o desempenho dos fornecedores atende aos requisito.

Para comprar a norma:

http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1494

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